Querer é mesmo poder?
Se assim fosse, todos que desejam fortemente a felicidade e a riqueza estariam felizes ou estariam ricos, inclusive aqueles que estão cheios de certidões negativas contra si no cartório da história.
 
{“Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há de poder, porque se perde em querer”. – Fernando Pessoa, poeta português (1888-1935)}
 
Entretanto, uma mente realmente determinada a conseguir um propósito já tem meio caminho andado, antes mesmo de dar o primeiro passo. Fé, determinação, coragem, disciplina e perseverança são os valores básicos para a consecução de objetivos efetivamente destinados a quem se predispõe a buscar.
Às vezes, o que se pediu e espera avidamente já vem ao longe, levantando “poeira cósmica”. Mas muitos desistem de ir a seu encontro, por falta da devida paciência, mesmo quando o Universo dá avisos de aproximação utilizando até a linguagem dos sinais subjetivamente válidos no conjunto das crenças ou dos arquétipos cravados no inconsciente do requerente.
O universo está dentro de nós mesmos. Eis uma premissa neurolinguística muito poderosa, quase uma oração. Passar a crer nisso firmemente é conseguir muito mais do que tem recebido até agora.
Normalmente, para quem está no caminho certo e busca o objetivo certo, as portas se lhe abrem a um leve toque, desde que se venha levantando poeira na estrada e se tenha a devida paciência de aguardar o encontro com o que pretende.
Entenda-se como “objetivo certo” aquele que é certo para cada criatura raciocinante e desejante e ao mesmo tempo certo para a Central de Controle do Universo (Deus). Tem que haver essa conjunção de quereres - os pessoais com os da Central – para que o Universo conspire em favor da consecução dos objetivos de cada um
[2]. Tolo é quem acha que só nós da “ponta de cá” temos direito a ter quereres e mais ninguém ou mais nada acima de nós. Em princípio, enfim, o Universo conspira a nosso favor, quando nós conspiramos a favor do Universo.
 
Nós temos o nosso livre-arbítrio. Deus também tem o Seu.
 
A energia universal não é desprovida de inteligência e de vontades, não, embora seja sempre subordinada à Central Energética (Deus). Ela também tem esses atributos e muito mais poderosos do que quaisquer outros centros de energia, principalmente os dos seres humanos. A energia alternada destes não passa normalmente de 1,5V, conquanto às vezes se converta em voltagens bem maiores, pelo transformador da fé correspondida, da ação positiva ou da somatória de energias coletivas (chamadas de egrégora).
Mas não basta só querer positivamente. Para conseguir, é preciso querer, pensar, sentir, falar e agir positivamente. Contudo, é preciso também ter, de alguma forma, a “permissão” da Central Universal para obter efetivamente o querido. Isso porque, além das vontades de cada um, há também as vontades dos outros.
Nem sempre há possibilidade de satisfação de todas as vontades em lugar e hora simultâneos como cada um quer e pretende. E o direito às vontades de cada um termina onde começa o direito às vontades e necessidades do outro, isso em todas as dimensões da vida.
Entretanto, quando há a conjunção total dos quereres pessoais com os quereres cósmicos, é capaz de se pedir dez benefícios e receber todos os dez benefícios! E estes virão mais cedo do que tarde, mais aqui do que alhures, mais da forma pretendida do que de outra.
Isso é potencializado quando, além de pedir, o requerente já vive num estado de requerimento (ou num “estado de prece”, que tem o mesmo sentido). Há aquelas raras pessoas que quase não precisam pedir expressamente nada, porque sua vida já é uma prece. Costumam dirigir-se aos céus somente para agradecer e para louvar. São uns invejados!
A maioria aqui do terra a terra, se bem observar com a lupa da (relativa) neutralidade, pode perceber objetivamente muitas benesses chegando na sua vida, de formas mil, muito de acordo não necessariamente com um “estado de prece”, mas principalmente com uma ação de prece. Vale aí não só a forma como vemos a vida, mas também a forma como modificamos a vida a partir de nossos próprios estados mentais, da maneira como nos vemos a nós mesmos e também a partir do que Deus espera de nós.
Não existe aquela ideia de que nós somos tratados pelos outros da mesma forma como nos tratamos? Pois é. Da mesma forma somos tratados também pelo Universo. Entretanto, este considera também as outras grandezas da regra de três composta por cada um de nós.}
 
Existe a “lei da atração” linear (bissegmental convergente) ou triangular, que é a lei da atração cósmica. Nesta, a força superior une as duas inferiores, não exatamente até formar uma linha perpendicular perfeita confundindo os dois catetos, mas podendo chegar ao ponto de formar uma pirâmide estreitíssima!
Porém, existe também a lei da repulsão, igualmente linear (bissegmental divergente) ou também triangular, que é a lei da “repulsão cósmica”
[3]. Nesta, a força superior pode separar as duas inferiores (as criaturas pólos), talvez não exatamente até formar dois segmentos de reta horizontais divergentes perfeitos (o que seria o desrelacionamento absoluto um do outro, até talvez do ponto de vista da memória consciente). Essa repulsão também faz parte da harmonização do Cosmo como um todo. Essa lei obedece a uma espécie de inteligência harmonizadora maior (que pode estar não exatamente na quinta, mas até na sexta dimensão ou em uma dimensão mais superior ainda, dentro do mesmo universo. Ou está sediada em universos diferentes do nosso? (Vixe!).
 
Quanto mais ampliamos nossos níveis conscienciais, tanto mais vamos nos unindo numa grande corrente vibratória iluminada. Chegaremos ao ponto de nos tornarmos mais interatraídos, mas não por interesses, necessidades, ideologias e paixões. A lenta e quase tectônica interatração vai, ou vem, através dos estreitamentos afetivos e sintônicos patrocinados e estimulados pelo Cosmo. Aos poucos vamos fechando o ângulo do grande triângulo isóscele aproximativo e tendente a formar uma gigante linha perpendicular, pela qual começaremos a nos expandir efetivamente para o Alto.
 
Voltando à vaca fria, não somos joguetes inteiramente passivos das leis universais, sejam de que nível for. Só duas leis são cruelmente impositivas a todos nós: a de que temos de escolher e a de que temos de assumir nossas escolhas e prestar conta delas, mesmo que entre a escolha e a prestação de conta haja uma novela inteira para escrever e para ler.
 
Estamos sempre transacionando, ainda que subconscientemente, com outras coalizões de forças que estão aí também disputando vez no destino geral do Universo. E este destino, que se manifesta também nas macro e nas microrrelações, não é exatamente ir de acordo com algum script fechado. É apenas ir.
Nossos acertos parciais ou totais de conta e os novos reendividamentos ou creditações maiores acontecem muito mais depressa do que imaginamos, em que pese ao peso(ops!) de algumas formações religiosas fim-do-mundistas e suas penas ou recompensas eternas.
Interferir no nosso futuro(!) só Deus pode de forma absoluta. Mas nosso futuro não só a Deus pertence. Pertence em princípio a nós, ainda que com manipulabilidade por Deus, que pode intervir no nosso futuro, independentemente das nossas vontades, embora quase sempre não o faça ou não precise fazê-lo. A “ideia” de Deus é sempre esperar que cada um de nós desperte sua consciência divina interior, essa bondade interior natural e abandonada que caracteriza os seres humanos em vias de ascensão. Ele, em princípio, espera é que cada um procure se redimir e iniciar por si só uma trajetória de luz própria rumo a si, iluminadora rumo ao próximo e, consequentemente, brilhante rumo a Ele.
A única coisa que Deus não nos impõe é consciência, embora Ele “viva” criando meios para despertá-la em cada um de nós, incessantemente, de acordo com as circunstâncias e necessidades, por mais sofredoras ou dolorosas que sejam as condições existenciais de cada um, segundo a nossa ótica humana. Aliás, a própria dor é também um convite ao despertamento da consciência. A dor é retorno, mas é também um chamamento. A lei da justiça confunde-se com a lei do amor e com a lei do progresso.
 
Ambicionar um futuro melhor, e lutar para alcançá-lo, é um dever de cada um de nós, mas o ideal é não pretender ter certeza absoluta de que tudo vai sair como e quando nós pretensiosamente quisermos. Até mesmo o que queremos pode não se concretizar, por mais preparados que estejamos no presente.
Não pretendamos que Deus esteja sempre a nosso serviço. Ao contrário, às vezes somos nós que, mesmo sem querer ou até sem saber, é que estamos a serviço de Deus aqui na Terra.
Usufruamos o hoje, mas não todo dia, não o dia todo. Reservemos uma parte do dia ou da noite ou do tempo presente para planejar ações e para agir efetivamente pensando no amanhã.
Desafiar as leis sempre sai caro. Sempre há um preço.
O bom é cumprir as leis pelo conhecimento que se tem delas. É o cognitivismo socrático. Não pecar, simplesmente porque se conhece as consequências do erro.
O Código Penal Brasileiro é muito prático e objetivo. “Matar alguém: Pena de seis a vinte anos”
[4]. Simples. Objetivo. Nem diz que não se deve matar. Quase estimula o homicídio. Apenas adverte friamente quanto à consequência. Quer dizer, evita-se matar pelo medo do que se conhece da lei. É uma forma de evolução.
Mas...
Quanto mais se conhecem as regras, melhor se as manipula, mas às vezes, por isso mesmo, mais se “dificulta” (embora jamais impeça) a intervenção do “Olho Cósmico” no nosso ir e vir. Por outro lado, muitos não acreditam nas intervenções inteligentes extrafísicas e nas leis do Cosmo-Direito, e “trabalham” apontoadas apenas em leis puramente estatísticas. Curiosamente, é justamente essa descrença nas leis não escritas do Direito oculto que mais facilita a interação das inteligências invisíveis e sobretudo da Inteligência Suprema nas ações de tais céticos.
Como os incrédulos costumam não perceber ou “encucar” com questões metafísicas, por isso mesmo não atrapalham muito as decisões extrainteligentes sobre suas vidas, mas também não atrapalham as influências das inteligências ocultas inferiores e destrutivas. [O Livro dos Espíritos, livro basilar da Doutrina Espírita, discorre sobre as chamadas leis morais, a saber: lei divina ou natural, lei de adoração, lei do trabalho, lei de reprodução, lei de conservação, lei de destruição, lei de sociedade, lei do progresso, lei de igualdade, lei de liberdade e lei de justiça, amor e caridade.]
 
Para quem acredita ou conhece alguma coisa das leis desse Cosmo-Direito, é melhor ir cumprindo-as da melhor forma possível, na boa convivência. Tente-se estar em dia nos periódicos “encontros de contas” ou balancetes parciais, para não deixar acumular muitas dívidas para adiante e para já ir acumulando alguns créditos para uso próprio aqui na grande azienda da vida terrenal.
 
{A chamada “lei da atração”[5] não funciona apenas do Universo para nós. Funciona também de nós para o Universo. }

 
 
Tenho que interromper aqui o fluxo normal dos argumentos, porque uma questão insiste incomodativamente em erguer o braço pedindo um aparte: por que muitos querem e conseguem essa “permissão” do Universo para realizar ações de destruição às vezes de proporções mundiais, inclusive em nome de Deus, como as Cruzadas da idade média? O querer das criaturas tem mais força do que o querer da inteligência suprema universal? Resposta: a permissão concedida pelo Universo superior não é passiva, nem incondicionalmente concessiva.
Estou retomando em parte os velhos argumentos da teodiceia
[6], porém sob uma ótica mais híbrida, entre o natural e o evolucional. Não defendo a premissa francesa do século XIX, de tentar justificar a supremacia de Deus perante o mal do mundo a partir de uma abordagem racionalista e cartesiana.
Existem várias leis naturais e crístico-naturais que regem as relações humanas, por exemplo:
·        livre-arbítrio;
·        justiça
·        causa e efeito;
·        ação e reação;
·        “é-necessário-que-venham-os-escândalos” (Mateus 18:7);
·        “coitado-daquele-homem-por-quem-venha-o-escândalo” (Mateus 18:7, segunda parte);
·        “o-amor-cobre-milhões-de-pecados” (1 Pedro, 4:8);
·        “a-quem-muito-é-dado-desse-muito-será-cobrado” (Lucas, 12:48);
·        “é-dando-que-se-recebe” (São Francisco de Assis), o que equivale a “é-não-dando-que-se-lhe-é-tomado”;
·        “até-os-cabelos-de-sua-cabeça-estão-todos-contados” (Mateus, 10:30)
[7];
·        “a-menos-que-alguém-nasça-de-novo,-não-pode-ver-o-reino-de-Deus” (João, 3:3)
[8]; e muitas outras.
 
Deus, presentado na lei de justiça, “permite” os desastres e a realização até de crimes hediondos através do império das chamadas “forças do mal” (o pessoal que precisa fazer o “trabalho sujo”). Estas também estão no estoque de forças do mesmo Universo, embora sem nenhum poder intrínseco absoluto e eterno, mas como necessárias “prestadoras de alguns serviços” necessários à regulação e melhoria coercitiva das relações humanas. A atuação dessas forças se desenrola sob o capitaneamento inteligente e sutil (embora nem sempre suave) da lei de causa e efeito ou lei do retorno. Mas não se trata de um efeito ou de um retorno como castigo, como resposta inexorável. Trata-se de uma resposta instrutiva, para forçar o avanço, para impelir para a frente. Quem não aprende pelo amor, através de ações-iniciativas afetivas próprias, aprende pela dor, através de reações-iniciativas alheias aflitivas.
 
Conhece o “é necessário-que-venham-pedras-de-tropeço”? E o “Deus escreve certo por linhas tortas”, visto anteriormente? Faz parte?
Existe uma função evolutiva também no “mal” individual ou coletivo. [Eu disse “evolutiva”, não evoluída.]
Essa vendeta
[9] faz parte do próprio processo evolutivo geral das criaturas e grupos sociais de um planeta ainda atrasado que nem o nosso. Daí a expressão “homo hominis lupus” (o homem é o lobo do próprio homem), criada pelo filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679).
Do ponto de vista individual, o tão cantado e decantado “mal” é apenas uma consequência de ações negativas do passado (para quem sofre essa consequência). Ao mesmo tempo é causa de sofrimentos futuros para quem comete tais ações (“coitado daquele homem por quem venha a pedra de tropeço”). É uma forma infelizmente necessária de justiça, para que os homens, de certa forma, punam a si mesmos. E assim cumprem-se “meio no automático” as leis acima referidas. Mas tudo ocorre sob a mais detalhada administração e fiscalização do Grande Legislador Cósmico, que, por sua vez, espera que essa corrente de maldades recíprocas se quebre pela iniciativa de alguém de cessar fogo e de iniciar ações conducentes a uma paz duradoura ou permanente. Enquanto essa corrente não se quebra, a Autoridade Suprema pode estreitar, alargar, reduzir ou anular ações humanas negativas quanto a seus efeitos, através de suas iniciativas corretivas, correicionais e supercorreicionais. E exerce ou pode exercer esse poder absoluto quando, como e onde bem quiser, para que efeitos de ações danosas não atinjam quem não deve sofrê-los, pelo menos no momento e no lugar atuais, ainda que por intermédio dos semideuses do bem e do mal que habitam as camadas intermediárias do Universo.
 
Sempre que a lei da justiça chega para um acerto de contas e pega o sujeito-objeto da sua ação reparadora em pleno exercício da caridade, ela volta... Volta, porque outra lei – a lei da misericórdia ou lei do amor divino intervém e diz: não é o momento. Volte depois. Ele está no cumprimento da lei do amor.
 
Não sem propósito, a rica e multissimbólica mitologia dos antigos falava da Deusa Fortuna, que presidia ao bem e ao mal. Teria ela algum paralelo ou semelhança com o “demiurgo”
[10]?
 
Deus não só está em toda parte, mas também nos observa de toda parte e, principalmente, age em toda parte, contra e a favor de nossas pretensões egoicas.
Nosso relativo livre-arbítrio é sempre vigiado, limitado e subordinado ao infinito e absoluto livre-arbítrio de Deus, cuja superética transcende nossa capacidade humana de entendimento.
Deus tem critérios de justiça que a própria justiça humana desconhece e que talvez nunca venha a conhecer.
 
A superbondade e a superjustiça divinas normalmente são mal interpretadas pelos que sofrem ações aparentemente injustas ou atribuídas ao chamado azar. Mas tudo não passa do mau uso, ainda que “autorizado”, do livre-arbítrio relativo de cada ser humano em si, especialmente quando seus resultados interferem na vida dos outros.
 
Os resultados de nossas ações, ainda que não em sua totalidade, sempre vão se voltar contra nós, melhorando ou piorando nossa existência. Estilhaços de todo tiro acional sempre saem pela culatra, quando não o projetil inteiro (manifestação imediata da chamada “lei do retorno”). O tiro pode ser de chumbo ou de filigranas de luz, a depender do nível da ação disparada.
Até o tipo da chamada “morte”, que é a ocorrência final de nossa vida terrena, decorre do tipo de vida que vínhamos levando ou que havíamos levado em tempos imemoriais, embora quase nunca saibamos fazer as devidas correlações. E as surpresas de última hora, ou melhor, na hora do embarque final, tanto podem ser boas como podem ser más, principalmente para quem se despede.  Depende não do que foi o falecido, muito menos da forma da morte nem mesmo das exéquias em sua homenagem ou se os velorários desabaram em choro (típico dos latinos), ou se apenas choramingaram (ou, mais chiquemente, snifaram, típico dos nobres sociais).
Só Deus conhece nossa folha-corrida em toda sua extensão, inclusive as linhas que ainda vamos preencher (ops!) se continuarmos insistindo no comportamento atual. Por isso, de vez em quando Ele dá uma palhinha, através de sinais imagéticos ou premonitórios, do “futuro mais provável” que nos aguarda, como alertas convidativos a mudanças de curso das nossas ações do tempo atual. A maioria de nós, contudo, não precisa de tais sinais, mas, sim, de matemática. É só fazer alguns cálculos de probabilidade do que pode nos ocorrer se continuarmos forçando ações ostensivamente perdidosas e exageradamente perigosas, quer desafiando as leis humanas, quer desafiando as leis divinas, quer desafiando as leis de Murphy.
Periodicamente, recebemos a visita de uma lei universal, agradável ou desagradável para nós. O bom é sermos flagrados presentemente no pleno exercício das leis que nos competem cumprir, principalmente a lei do trabalho e a lei da caridade.
 
Na lei das execuções penais do universo, muitos endividados recebem uma espécie de moratória para facilitar o pagamento de suas dívidas. Não têm qualquer condição de suportar o peso da execução no estado em que se encontram. Se (ou para quem) for o caso, já é um bom lucro. Aproveite-se a “liberdade provisória” do presente para já ir prestando algum “serviço à comunidade”. No mesmo passo, é necessário dirigir-se cada vez menos pior(!), para não perder mais tantos pontos na carteira pelas estradas da existência. Têm custado uma nota preta! Isso certamente vai para o registro da futura execução da pena e contará para sua redução, conversão ou mesmo anulação.
No Ordenamento Jurídico Maior, há outras leis que minimizam ou anulam essa reciprocidade de “castigos”. Entre elas existem a lei do amor, a lei do progresso, a lei do perdão e a lei do trabalho. Não tem aquela “súmula” que diz que “o amor cobre milhões de pecados” (Pedro I, 4:7-8)?
O problema muitas vezes está na consciência de cada um. Muitos já pagaram dívidas, sem saberem, mas ainda não se perdoaram. Vivem perseguidos pela própria dor da consciência, pelo menos até o dia em que sofre a mesma dor causada outrora, sem necessidade.
Embora não dito expressamente, mas todo o discurso de Jesus trilhou mais pela ideia de que é necessário que venha o bem e de que felizes serão os que o praticam.
 

 
{Disso tudo podemos inferir que não devemos nos preocupar tanto com nossos carmas. Cuidemos mais é de cumprir nossos dharmas ou missões de vida.
 
As leis universais são imutáveis, mas elas próprias têm suas áreas de atuação livre pelos seres humanos, até certo ponto.
Vivemos sempre trilhando uma sequência lógica nas matemáticas legislativas da vida.
Cada um de nós pode estar sob o jugo de uma lei, mas, a depender de seus atos, pode passar ao jugo de outra, imediatamente ou tempos adiante. Essa própria possibilidade tem previsão legal.
A dor humana não tem que seguir seu curso inexorável até ser pago “o último centavo” (Mateus, 5-26)
[11]. Mas só o Grande Juiz da execução das leis universais sabe até quando, de que forma e em que intensidade cada um de nós deve passar por cada etapa de suas expiações.
O que burila esses conceitos relacionais entre criaturas-Criador-Leis, e que dá mais resultado, é cada um “partir pra cima”, com toda garra, no jogo diário da prática do trabalho, da solidariedade e de outras leis morais, cuja aplicação é de competência exclusivamente humana. Em princípio isso é mais proveitoso do que querer apenas entender as regras do jogo das leis naturais no grande estádio do Universo.
E pode crer que esse jogo não é de dados.
Esta é uma referência à célebre afirmação de Einstein de que “Deus não joga dados”. Foi uma crítica do famoso cientista à Física Quântica, então recém-descoberta (anos 20), cujos primeiros defensores afirmavam que as forças do Universo funcionam a partir de frias e inevitáveis leis estatísticas, não a partir de forças ocultas inteligentes. Einstein, por sua vez, foi contestado pelo cosmólogo e escritor britânico Stephen Hawking (1942,ocupante da cátedra que pertenceu a Isaac Newton, na Universidade de Cambridge), o qual afirmou que "Deus não só joga dados, como os joga onde não podemos ver". Bem, pelo menos este debatedor póstero reconhece a existência de Deus, embora o confunda com um jogador. Na metafórica visão dele, Deus tem poderes limitados a seus próprios truques ocultos. Não tem, por via de decorrência, poderes de capturar os lances idealizados e intencionados na mente dos oponentes, que somos nós.
 
{"A Natureza não esconde seus segredos por malícia, mas, sim, por causa da própria altivez... O Senhor é sutil, mas não malicioso. O que eu quero é conhecer os pensamentos de Deus... O resto é detalhe". - Albert Einstein}
 
Em verdade, o jogo cósmico é o conjunto infinito de exercícios de uma matemática altamente sofisticada, para fazer funcionar a engrenagem dos mundos, de forma perfeita, justa e impulsionativa para um lance final do que será, ou melhor, do que seria, se houvesse um fim. E seria o fim de jogo mais espetacular de todos os tempos!
Nunca haverá um fim. Mas sempre haverá um futuro, e é essa certeza que nos move a esperança e as lutas garantidoras das melhorias em todos os sentidos, para hoje e, no mínimo, para o próximo fim de semana.
 Porém, se no nosso caderno de casa respondermos certo o jogo da aritmética relacional daqui do terra a terra, preenchendo corretamente os claros que se nos colocam, os resultados do jogo cósmico serão sempre a nosso favor, mesmo que alhures e adiante.
É certo que o jogo horizontal de nós conosco mesmo já é um jogo complexo, cheio de questões-lances difíceis e de respostas-lances tão difíceis quanto. Mas nada que nenhum de nós fique impedido de ir resolvendo, inclusive porque vale pescar, vale trabalho de equipe, vale perguntar, vale ajudar e vale até consultar dicas e macetes, que estão por todo lado, a mancheias. E nestas se incluem as dicas superiores, que são “quase literalmente sopradas” de onde nós menos imaginamos, e que vêm em forma de intuições, inspirações, pressentimentos, sonhos etc. É só se predispor a decifrar.


[1] Da produtora australiana Rhonda Byrne.
[2] Referência à famosa frase do livro “O Alquimista”, de Paulo Coelho, que diz que quando alguém quer uma coisa determinadamente, todo o Universo conspira em seu favor.
[3] Em Astronomia: Efeito segundo o qual galáxias situadas a grandes distâncias se afastariam umas das outras. - Dic. Aurélio.
[4] Art. 121.
[5] Lei aventada no livro e filme “O Segredo” (2006), da produtora australiana Rhonda Byrne, segundo o qual nós atraímos o que pensamos e sentimos para nossas vidas, inevitavelmente.
[6] “Defesa leibniziana da existência de Deus, mesmo em face da existência do mal. – Dic. Houaiss.
[7] Equivale ao enunciado extrabíblico que diz: “Nenhuma folha cai de uma árvore sem o consentimento de Deus.”
[8] É a versão evangélica da lei do progresso infinito, que subjuga e impele todos a cumpri-la, indistintamente.
[9] Atos de vingança mútua durante anos ou gerações, ou mata-mata sucessivo.
[10] Algumas correntes religiosas cristãs e gnósticas atribuem ao “demiurgo” a condição de entidade intermediária entre Deus e o mundo.
[11] “Centavo” aparece, entre outras, na tradução bíblica da Editora Árvore da Vida e na tradução de João Ferreira de Almeida. Na tradução das Testemunhas de Jeová lê-se “moeda de pouco valor”.
Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 22/01/2011
Código do texto: T2744905
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