O DUALISMO DA VIDA, MAIS UMA LEI DESTE UNIVERSO.

Raoul observava as estrelas da varanda da sua casa. A escuridão do infinito em contraste com a luz emanada pelas estrelas, o faziam refletir sobre o equilíbrio da vida. Como um famoso geneticista e amante da história evolutiva, compreendia bem este significado ao ouvir as discussões sobre qual a verdade predominava, na discussão entre ciência e religião. O dualismo em todas as coisas. O equilíbrio fazendo com que tudo prosseguisse. Pensara o quão interessante seria o fato das pessoas compreenderem a profundidade do conceito da atração entre os opostos. A extensão da dualidade que abrange desde as particularidades na oposição entre prótons e elétrons, era completamente notável na trajetória de vida de qualquer mortal, de amar alguém que não nos ama. E era a trajetória de vida, dentre erros e acertos (mais um dualismo), que construia todo um ser. Sua trajetória foi assim. O joguete da vida, o que nos faz querer viver mais... Dia e noite, o dualismo necessário para o metabolismo das plantas, e o objeto necessário para que toda a cadeia alimentar seja possível. Era a ciência, em seu ser, que procurava responder às questões da vida, ao passo que a religião lhe afirmava que todas as suas respostas estavam bem à sua frente. Bastaria abrir e ler o livro sagrado. A beleza na complexidade científica em contraste com a beleza da simplicidade religiosa. Passaram-se três anos em que a busca por respostas finalmente chegara ao fim. Era a busca por respostas em contraste do conformismo existente. Eram suas perspectivas de achar soluções para perguntas sem respostas. Os minúsculos blocos de vida presentes em células, lhe demonstravam que era possível modificar o que a vida construiu. Mudanças em sua mente. Mudanças no que viria futuramente. Era a consciência da verdade, em conflito com a consciência de respeito às crenças alheias. A oposição que lhe torturara à semanas antes de anunciar a descoberta realizada, agora mais uma vez se apresentava como necessidade, diante de seus olhos. A escuridão infinita, e a luz das estrelas que se podia observar. Talvez fosse como o céu e o inferno. E como tudo que enfrentamos com lágrimas nessa vida acaba se tornando motivo de aprendizado resultante em alegrias, ele resolveu prestar atenção novamente nas estrelas. Foi possível observar que um corpo celeste estava em movimento. A quase inércia aparente demonstrava o simples mecanismo de funcionamento do universo. Simples mudanças. Como a evolução da vida que aprendera na escola. Como a evolução do homem que aprendera na catequese. Somente através de simples mudanças que as coisas podem se ajustar. Sempre orientou seus alunos sobre isso. Sempre dissera que somente através de simples mudanças que poderiam se realizar grandes feitos . Assim seria uma boa forma de como poderia se educar o homem. Seria acreditar. Relatar os resultados com as células-tronco seria como dizer a uma criança desacreditada que o papai noel pode sim existir. A verdade em oposição da fantasia. Olhou a escuridão do infinito, e a luz das estrelas. O dualismo da criação do universo por Deus em confronto com as teorias existentes. Como o Big Bang, a grande explosão, Raoul compreendeu a significidade de mais um mecanismo do universo. Transformação. A forma que extremos podem reestabelecer as leis de equilíbrio existentes. Assim como a luz fora feita através de uma simples frase, nem sempre compreender a transformação poderia ser possível. A vida apresentava muitos extremos que geravam a mudança necessária para o equilíbrio existir. Era como viajar milhas sem destino, até encontrar o grande amor. Ou acreditar que isso possa existir, para que o caminho possa ser seguido. É o enraizamento de nossos corações que nos permitem enchergar o que queremos ver. É acreditar seja lá no que for. Resolveu observar novamente o céu estrelado. Era o seu coração que o guiava naquele momento na busca de decisões. O alívio para o sofrimento de muitas pessoas chegara ao fim. A cura... Era o seu coração querendo ver apenas o que gostaria de ver. Suspirou novamente ao observar longe mais uma estrela em movimento.