Um pouco de Patrística

Dá-se o nome de patrística à fase da fundamentação e da fixação dos dogmas cristãos. Essa grande obra foi realizada pelos primeiros padres da Igreja, nos primeiros séculos da era cristã.

Entre os elementos representantes da patrística, temos os apologistas, como São Justino, Taciano, Santo Hipólito, São Irineu, etc, cuja obra consistiu na defesa do cristianismo dos ataques vindos dos filósofos gregos.

Entretanto, não foram indemnes às influências das outras escolas, incorporando muitos dos princípios, que eram expostos nas doutrinas dos combatidos, sempre, naturalmente, coerenciando-as com os princípios cristãos.

Na realidade, os primeiros padres fizeram uma obra de ecletismo, aproveitando da filosofia clássica tudo que não desmentisse os princípios do cristianismo e que viesse em seu auxílio, para corroborar os princípios que dominavam a nova doutrina, que surgia para completar o afã de salvação, agora sob um ângulo totalmente novo.

O homem era salvo por Deus, que se encarnava em homem (Jesus Cristo), para, pela sua morte e, posteriormente, por sua ressurreição, abrir-lhe o caminho do céu. Surgem, depois, os primeiros teólogos sistemáticos, como São Clemente de Alexandria, Orígenes, São Basílio de Cesaréia, São Gregório, etc, os quais estabeleceram os dogmas de um modo definitivo ante as heresias e os desvios que sucederam no cristianismo nas primeiras épocas.

A patrística compreende toda a fase da atividade teológico- filosófica e religioso-política (que também se chama patrologia).

É difícil estabelecer-se onde termina a patrística e onde começa a escolástica, que a sucede, e que iremos examinar em breve.

Dada a culminante grandeza de Agostinho, a Patrística divide-se em três períodos: antes de Agostinho, Agostinho, depois de Agostinho.

Santo Agostinho (354-430), nasceu na Numídia (África). Por influência de Santo Ambrósio, adotou o cristianismo. É extraordinária a significação de Santo Agostinho como filósofo e como religioso, pois é a figura humana que sente, primeiro que todos, o grande drama do homem moderno com suas contradições. Por isso é que se encontra, em sua obra e na sua vida, bases tanto do romantismo, como do "existencialismo".

Santo Agostinho busca uma idéia de Deus como incorruptível e imutável. Desta forma, como explica o mal? Responde assim: o mal é criação do homem e não de Deus, pois este é incorruptível. Concedendo ao homem a liberdade, pode este escolher entre aproximar-se de Deus ou Dele afastar-se. O mal é o afastamento de Deus.

Rogério de Sousa
Enviado por Rogério de Sousa em 27/07/2010
Reeditado em 07/01/2016
Código do texto: T2402423
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