CONFLITOS: BASE PARA O PROGRESSO
Existe uma fábula que conta o seguinte: Uma lagarta estava para livrar-se do casulo, para transformar-se numa borboleta. Alguém viu a luta e foi tentar ajudar a lagarta, para que ela não sofresse tanto naquela luta. E deu uma mãozinha à lagarta, até que ela saiu.
A lagarta saiu sem muito sofrimento do casulo, mas não conseguiu voar como borboleta. Por quê? A resposta é simples: As asas ficaram atrofiadas por falta de exercício. A saída do casulo é que capacitaria suas asas ao voo. Sem o esforço, as asas tornaram-se fracas e incapazes de alçar voo. Então, pela falta do necessário exercício, aquela lagarta, mesmo virando borboleta, ficou sem voar pelo resto da vida.
No mesmo espírito da história da lagarta, há uma múisca de Erasmo Carlos que diz: "Ê mãe, não sou mais menino. Não é justo que também queira parir meu destino. Você já fez a sua parte me pondo no mundo, que agora é meu dono, mãe, e quem entra na chuva é pra se molhar.
Fazendo uma intertextualidade, a pessoa que ajudou a lagarta fez como uma mãe que dá excesso de proteção ao filho, e ele se torna incapaz de enfrentar o mundo por conta própria.
Eu não sei o que é pior: Um filho criado com superproteção, ou outro que foi jogado no mundo "como Deus criou batata", sem cuidado, solto nas ruas, aprendendo com o mundo, sem orientação, de qualquer jeito.
O primeiro se torna frágil demais por excesso de cuidados; o segundo, ao contrário, pela ausência de qualquer orientação, se torna, às vezes, bandido.
O segredo de tudo é o equilíbrio, o bom senso. Os filhos e a lagarta têm que sofrer. Na dose mais ou menos certa. Se não sofrer nada, atrofia. Se sofrer demais, pode entrar em desequilíbrio.
Nós todos precisamos de uma certa dose de conflito para que lutemos, e, nessa luta, desenvolvamos as nossas potencialidades. Ninguém pode ou ninguém deve lutar a luta que é minha. Só a mim compete fazê-lo. Posso ter auxílio, se dele necessitar.
O caso da lagarta foi fatal, porque ela precisava lutar exatamente daquele modo, naquela dose: Atravessar o casulo para desenvolver as asas. Como ela não lutou, seus membros foram incapazes de funcionar.
Nós vivemos cercados de micróbios, bactérias e outros micro-organismos dentro e fora de nossos corpos. É para que o corpo lute contra eles e se fortaleza. Se uma pessoa viver dentro de uma redoma, protegida de todo tipo de doença, de infecção, de bactérias, numa higiene perfeita, ficará muito frágil, pois seu corpo não teve oportunidade de lutar.
Para finalizar, cito um trecho da Canção do Tamoio, de Gonçalves Dias:
NÃO CHORES, MEU FILHO,
NAO CHORES QUE A VIDA
É LUTA RENHIDA.
VIVER É LUTAR.
A VIDA É COMBATE,
QUE AOS FRACOS ABATE,
E AOS FORTES AOS BAVOS
SÓ PODE EXALTAR.
Não parece com o que eu disse no texto? Pense nisso.