Despedida Virtual - Existe?

Eu estava na rodoviária da capital do meu estado a aguardar o horário de embarque, quando deparei com uma cena inusitada, incoerente e até engraçada: Uma senhora, que também aguardava a hora de embarque, ligou, de seu telemóvel, para uma amiga. A conversa do lado que pude escutar foi esta: Estou ligando para me despedir de você.

Ora, pois! Como uma pessoa se despede por telefone? Só se esta for a última ligação, ou o último contato que ela terá com a amiga. Do celular, eu posso falar com as pessoas a qualquer momento. Da maneira que a mulher fez, dava-se a impressão de que só valia se ela ligasse antes do embarque. Ela poderia ligar a qualquer momento, de qualquer lugar, pois a outra não saberia onde estava a amiga.

Ao meu ver, despedida é ao vivo, tête-a-tête, cara a cara, com abraços afetuosos, com promessas de retorno. Mas despedida por telefone celeular? Foi a primeira vez que vi. Imagine alguém abrir o MSN e despedir-se de outra pessoa que está no CHAT. É um adeus ao outro, o fim do MSN, a morte do mundo virtual.

Toda essa minha admiração pelo inusitado fato tem o seguinte motivo: No mundo em que estamos, cheio de celulares, computadores conectados à Internet, handhelds, já estamos todos ligados uns aos outros vinte e quatro horas por dia. Não faz sentido despedir-se por telefone. Soa estranho. Não concorda?

António Fernando
Enviado por António Fernando em 15/08/2009
Reeditado em 07/10/2009
Código do texto: T1756160
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