CONFUNDINDO FICÇÃO COM REALIDADE

Uma das características das pessoas com alguma doença digna de ser tratada por um psiquiatra é a confusão que fazem entre ficção e realidade. Isso acontece com frequência no Brasil, especialmente por parte de pessoas que assistem a novelas e se envolvem afetivamente com seus personagens.

É certo que existem pessoas que assistem a essas obras da teledramaturgia brasileira com senso crítico, com análise, fazendo comparação com outras obras, o que é uma coisa saudável, que faz aguçar a capacidade de escrever, leva ao conhecimento de situações nunca vivenciadas pelo telespectador, faz com que entre em contato com outras culturas do próprio país e de outros países.

O grande problema é que a maioria vê esses folhetins e os abosrve por completo, sem filtrar nada, sem saber ao menos que aquilo é uma coisa fictícia, mesmo que baseada na vida real. A consequência funesta é que os atores e atrizes que fazem papel de vilões não podem andar em paz nas ruas de sua cidade, do seu estado ou do país, pois correm o risco de serem atacados por esses psicopatas que julgam estar diante do personagem e não do ator ou da atriz.

A título de ilustração, uma vez assisti a um bate-papo de um ator em um programa matinal de TV, no qual ele disse que estava viajando de avião, sentado à poltrona do meio, enquanto as duas poltronas ao seu lado permaneciam vazias. Conta o ator que um homem estava com a esposa e alguém sugeriu a ele que a colocasse em uma das cadeiras ao lado do ator. O homem respondeu: Eu não vou colocar minha esposa ao lado de um homem que bate em mulher.

Em tempo: O ator fazia o papel de um psicopata que batia na ex-mulher usando uma raquete. Alguém se lembra? Era novela das 8h da noite.

Se um cidadão pertencente a uma classe mais abastada (até anda de avião) confunde ator e personagem e acha que personagem de novela age na vida real da mesma forma que faz na novela, dá para imaginar o que fazem essas pessoas mais comuns, de classes mqispopulares, muitas delas sem estudo, sem preparo, sem condição de construir uma anáslie sobre aquela obra televisiva. É um perigo iminente para os atores e atrizes que fazem papéis do tipo bandido, violento, mal comportado, desonesto, enfim, o papel que defende o mal ao invés do bem.

E o pior é que a classificação de horário e idade (Livre, Indicada para maiores de 14 anos, 16, etc.) não se aplica à idade psíquica ou intelectual. Para a lei, ao completar 18 anos as pessoas são consideradas "capazes" para assumir suas responsabilidades, a menos que estejam interditadas judicialmente. Que perigo! Mas que fazer...?

António Fernando
Enviado por António Fernando em 14/06/2009
Código do texto: T1648279
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