À imagem e semelhança da Divindade

“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” disse uma das pessoas da Santíssima Trindade, conforme está escrito no primeiro livro da Bíblia Sagrada (Gênesis 1:26). Esse texto mostra alguns aspectos da Divindade, mas vou frisar dois deles: A Divindade não é um Deus solitário, e, sim, um conjunto de pessoas, que formam um governo divino. O segundo aspecto é que o ser humano, o anthropos, é uma entidade formada por duas pessoas: o andrós, macho e a guinê, fêmea.

Nós humanos temos o privilégio de havermos sido arquitetados como pessoas semelhantes ao Divino Governo. Um homem e uma mulher formam um anthopos, um ser completo. O macho sozinho é metade do anthropos; a fêmea sem o macho é metade também. Os dois se completam. Ao se unirem no êxtase da carne, tornam-se uma só carne. No sentido místico, é como se houvesse uma comunhão. Veja isso com mais detalhes no livro Cântico dos Cânticos, no Velho Testamento.

Pessoalmente eu me sinto mais identificado com uma das pessoas do Governo Divino: O Pai. É claro que uma comparação simplista, mas vejamos os porquês: O Pai não gosta de apresentar-se; eu também não. O Pai prefere escrever. Eu me expresso melhor por escrito do que pela oralidade. Chego quase a gaguejar quando tenho que falar. O Pai gosta de enviar recados por terceiros (anjos); eu prefiro também essa forma de fazer os outros saberem o que quero. O Pai não mostra o rosto (ninguém jamais viu a Deus, segundo o evangelista Joao, no capítulo seis). Eu gosto de me manter no anonimato.

O Pai tem formas estranhas de manifestar-se: Tempestades, relâmpagos, trovões, terremotos, tsunamis. Eu às vezes faço um furação, quando estou irado. Isso em mim é defeito. No Pai, isso é a essência dele, é onipotência, necessária e imprescindível. Ele não pode deixar de ser. Ele é. O Filho é bastante decidido e gosta de chegar junto à humanidade. É tanto que se esvaziou da divindade e encarnou numa forma humana gerada no ventre de uma mulher. Aos trinta anos, foi gerado como Filho de Deus Pai, pelo poder do Espírito de Deus (veja capítulo IV de Lucas).

O Espírito da Divindade é manifestado em tudo. Principalmente em todos. Nossa consciência é uma manifestação do Espírito em nós. São Paulo, o apóstolo dos gentios, indaga aos cristãos: “Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (I Coríntios 3:16). O Espírito de Deus é suave e conduz as pessoas com amor.

São Pessoas diferentes. Se fossem iguais seria monótono, para Elas, conviverem com seu “clone”. E nós, quando formamos um par, as duas metades do anthropos se tornam uma só carne, um só espírito. São duas pessoas diferentes, mas em comunhão. Homem e mulher, andros e guinê, dois entes, uma só carne. Pais e Filho, duas pessoas divinas, uma só divindade.

António Fernando
Enviado por António Fernando em 03/04/2009
Código do texto: T1521173
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