O AMOR E SUAS VARIÁVEIS

Será que quando dizemos "eu amo

voce" não está aí uma real sublimação

desse sentimento? talvez o correto

não seria dizer:

voce me fez ver o quanto eu me amo,

por isso amo voce?

E... De repente explode aquele "amor" que antes nunca haviamos encontrado e, sem bem saber por que e de que forma e com que conteúdo ele aconteceiu. E, vem como uma paixão avassaladora, então abre-se à nossa frente um universo intenso, belo, diferente, emocionante, fascinante, surpreendentemente contrario a tudo que vivemos, ou que já imaginamos ter vivido e, passamos a sorrir sozinhos, a achar menos pesadas, menos desconfortaveis as rasteiras que a vida dá, sonhamos com olhos abertos, construimos elos de confluencias mesmos nas mais acentuadas divergencias que o acaso nos apresenta, nos envolve, nos moldura.

E, com olhos fechados imaginamos a pessoa amada, mitificada talvez pela idealização com que a projetamos com que a moldamos, na mais sublime pretenção do "ser desejado" no que configuramos em "estar amando".

E, por esse amor vertemos lagrimas, espalhamos sorrisos, propagamos aos quatros cantos em vozes suaves, com gritos, saimos andando, correndo, falando baixo, alto, gritando, cantando ao vento, ao tempo. E, por esse amor emergimos do nosso pessoal e intransferivel estoicismo e formatamos as palavras mais belas, mais puras, mais sublimes que conseguimos expressar: " eu amo voce " e, fazemos isso com toda a convicção do mundo, plenamente côncios, com absoluta certeza, na mais profunda lucidez e dizemos à pessoa amada:

- Eu nunca me senti assim antes

- O que sinto por vove nunca senti jamais em tempo algum por ninguem

- Nunca amei outra pessoa desse jeto, dessa forma, com essa intensidade

-Sem voce não consigo respirar, já não consigo viver...

Será?. Esse amor todo, antes dele ser " projetado " a uma outra pessoa, já o trazemos dentro de nós, procuramos encontrar numa outra pessoa aquilo que não indentificamos ao certo, e que não sabemos fazer fluir naturalmente dentro de nós, buscamos na outra pessoa o amor que não somos capazes de dar a nós mesmos. E, na verdade é esse sentimento a que amamos, e não necessariamente a outra pessoa, ela foi a condutora que fez aflorar um "estado belo" de encanto, de magia, e, ao lado dessa pessoa passamos a ver o mundo de uma outra forma, mas, na real, amamos a nós mesmos e, tão somente trasferimos a outra pessoa essa responsabilidade, poderia dizer esse condicionamento e dizemos: " amo voce" pronunciamos isso, mas o eco dessas palavras repetem-se dentro de nós assim: "voce me fez ver o quanto eu me amo, por isso amo voce".

Quando é que nos cuidamos mais, que buscamos insistentemente melhora visual nas academias, que passamos a querer um aparecia melhor usandos roupas novas a cada dia, quando é que sorrimos muito mais, que achamos tudo mais belo, que dizemos realmente que estamos felizes, não é quando estamos amando? então, a pessoa amada esta nesse "estado de coisas" nos dizendo a todo instante o quanto nós precisamos amar a nós mesmos, ela esta nos mostrando isso o tempo todo, e quanto mais amamos a nós mesmos transferimos amor maior à outra pessoa e então dizemos com enfase, com profunda sublimação - "eu amo voce".

Daí passa-se um tempo e, sem por ques, sem motivos contundentes, aparentes, esse amor esmaece, acaba, perde a magia, o encanto e voltamos a um outro estado - talvez de "hibernação" muitas coisas desconfiguram-se, mergulhamos no trabalho, buscamos todo tipo de sublimação para acalentar a condição do "estar só".

E, eis que novamente surgue uma outra pessoa, aí atribuimos a ela a incubencia de fazer aflorar uma outra vez todo esse estado "adormecido" que por medo, por egoismo, por burrice, por falta de auto-estima, nos encaxotamos, nos embrulhamos, nos esquecemos, e, então diante do encanto da outra pessoa tudo se repete, e dizemos que ela é unica, singular, impar, e novamente projetamos, mitificamos, endeusamos a pessoa amada, sem no entanto entender que o que nos faz amar, é o "natural desejo de amar a si mesmo" usamos uma outra pessoa por que não somos capazes de sentir e saber disso com profundidade, com simplicidade, de forma natural. Que amor eu tenho por mim mesmo quando afirmo que a minha vida é a outra pessoa?. Que não sei nem consigo viver sem ela?.

Se eu tenho amor por essa pessoa, naturalmente eu tenho que ter amor por mim mesmo, e, ela é uma complementariedade à minha vida, e não a minha vida em si, que amor eu posso oferecer a essa pessoa se ela é a minha propria vida - se eu não tenho vida obviamente não tenho amor nenhum a oferecer...isso tudo não é muito vago, vazio meio que sem sentido?. Usamos uma outra pessoa pra dizermos que encontramos o "amor" essa é uma das mais encubadas hipocrisias da humanidade, pura manifestação de fingidas virtudes.

Interessante é que quando algo sai imediatamente fora da "conformidade estabelecida" ao que denominamos de "amor" esse proprio sentimento acaba, morre, perde a validade, porque a pessoa amada nos desapontou, nos frustou, não entrou na redoma que construimos para ela. Então tudo volta ao estado anterior.

Aquietamos, e nos remetemos a nos agasalhar ao estar "só" ao estado natural de apenas um "ser" homem ou mulher.

E, assim novamente nos armamos de arco e flechas, e saimos outras vezes à caça, à procura, como predadores. Configuramos e enquadramos uma outra pessoa, então dizemos a ela:

- Voce despertou em mim o que eu não sabia existir

- Nunca amei niguem assim antes, desse jeito, dessa forma.

E, falamos às mesmas coisas novamente, com a mesma enfase, com o mesmo entusiasmo, com a mesma fascinação.

E, o ciclo se repete.

Assim a fila anda...

coisas da vida!!!

E, O AMOR, ESSE NÓS SO ENCONTRAMOS

EM ALGUEM, QUANDO PRIMEIRO

ENCONTRARMOS EM NÓS MESMOS...

JORGE BRITTO
Enviado por JORGE BRITTO em 09/10/2008
Reeditado em 10/10/2008
Código do texto: T1219696
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