Famigerada

A vida de cada mulher tem sutis e sofisticados toques de emoção. Por mais simples que ela seja e por mais comum que sejam seus dias, todas, sem exceção, trazem uma longa história de sofrimentos e lutas para que sejam plenas. Uma grande parte não consegue dar forma aos seus sonhos e se prende aos pequenos detalhes de sua trajetória. Este texto foi escrito para um grupo de mulheres para quem eu dei uma palestra. Mulheres diferentes em suas posições sociais e em seus destinos, porém todas com uma coisa em comum – a procura por uma vida melhor, uma razão para serem felizes. Apesar de este texto ser direcionado para a dona de casa, ele tem muito de todas as mulheres que deixaram de viver seus dias como queriam em função das outras pessoas. Nossas inseguranças em relação ao que somos, ao que marcamos nesse mundo, são substituídas pela obrigação de continuarmos, sem mesmo sabermos pra quê. Instinto de sobrevivência e perpetuação, lealdade, uma enorme tática para se adaptar como camaleões, são coisas inerentes à mulher em todas as épocas. Seus sonhos podem ficar guardados, mas seus pensamentos as alimentam e as fazem mais fortes pra aguentar a “panela famigerada” que as carrega todos os dias. E a mulher segue intensa de sentimentos, forte a cada dor e sensível a cada lembrança.