Serro olhar / Fotografia / 2011

Desde 1938, quando o governo brasileiro achou por bem preservar a cidade do Serro das interferências do tempo, o olhar sobre a cidade mineira mudou para sempre. Das políticas de preservação envoltas em mistérios tão grandes quanto a nossa vã filosofia, fomos aprendendo que depende de cada um amar o tempo preservado. Mas será o Serro uma cidade preservada em sua estrutura original de tombamento em 1938? É possível afirmar que não houve alteração na ocupação do solo urbano, nas igrejas, nos prédios públicos? Será que olhamos para a mesma cidade de 1938? Definitivamente, não. Os lotes superpovoados, divididos em três, quatro famílias. A frota de carros pequenos e grandes tomando todo o espaço de fruição da vida. A necessidade comercial acima de qualquer aspecto de gentileza urbana. As praças utilizadas como espaços para lazer viram quadras de futebol. Os carros em som estonteante teimam em lembrar que o tempo é outro. O que mudou, então, a cidade ou as pessoas? Definitivamente, as pessoas. São os moradores que optam por fazer a sua cidade. Pintam suas casas. Deixam suas antigas moradias ruírem. Ocupam o espaço público sem a preocupação com o coletivo. Aceleram seus carros e ligam seu som sem se lembrarem de que a vida coletiva é uma herança para todos. Assim, olhar o tempo em Serro, agora, impressiona. As pessoas vivem como se quisessem estar numa cidade grande. O ritmo de vida assim se desenha catastrófico. Continua...