Supempo
Eu sou um pobre fiat 147
Ela uma ferrari envenenada,
Eu com pinta de chevette
Ela com motor de arrancada.
Eu só faço barulho e fumaça
Ela faz um ronco de arrepiar,
Eu vivo encostado nas calçadas
Ela pelas avenidas a passear.
Eu já perdi o esmalte e a cor
Ela anda polida e brilhando,
Tenho ferrugem até no capô
Ela anda impecável e cheirando.
Ele pode até estar velhinho
Eu não ligo para padrões de beleza,
Ele tem o seu próprio jeitinho
Eu a sonhar com tamanha proeza.
Ele é simples e isso me encanta
Eu passo por ele querendo parar,
Ele não sabe ou bem me engana
Arrodeio o quarteirão só para ele olhar.
Ele ainda acaba comigo
Eu não paro de imaginar,
Ele na minha garagem sorrindo
Eu só olhando e a suspirar.
Somos máquinas do nosso tempo
Eu já tive os meus dias de fera,
Este nosso encontro foi supempo
Mas hoje quem brilha mesmo é ela.