A atriz e o Poeta
- Desabafo em amor exasperado &
Aconchego do amado tão esperado -
Da atriz para o Poeta
Quando logo foi ele a mim se apresentando
Vários motivos me deu
Para que dele não gostasse
Quase me pediu para que a ele não amasse
E dele não mais me aproximasse
Mas quem mandou
Que ele ao me ver
Me enxergar
A mim e ao meu talento
Que nem eu sabia ou
Acreditava que tinha
Ou achava ser apenas o meu tormento
Porquê ousou ele me defender?
Mesmo sem minha história
Ao menos conhecer
Em em mim somente, por me ver
Apenas crer?
Como queria ele
Que tomando de minha atenção
E incomodando
Meus sentimentos adormecidos
Quase esquecidos
Muitas vezes por mim fingidos
Não despertasse assim minha paixão?
Como poderia querer
Que por sua quase ridícula sinceridade
Não fossem eles atingidos?
Já não havia para mim solução
Não via para mim outra opção
A não ser me render ao sentimento
Ao amor
E a ele amar
Mesmo que disso nascesse todos meus
Questionamentos que virariam
Para mim outros tantos tormentos
E de como ar
Me percebi precisando dele
E de suas letras para respirar
Não somente por agora o amar
Mas também para
Em minha arte enfim acreditar
E por meio dele
Senti ela então brilhar
Mesmo que não quisesse
Me recusasse a acreditar
Nossas almas novamente
Se juntavam
Em arte se transmutavam
Para nosso carma liberar
Mas amando fui tola
E não percebi em sua arte
Seu suicídio
Seu despedir
Nosso adeus não planejado
Que por nenhum de nós foi esperado
Se deu ali
Mas não em definitivo
Pois uma nova vida
Sairia dali
E também senti que outras vidas
Estariam por vir
E se alguém me perguntasse
Se sabendo quem de fato ele era de verdade
Eu em inocência o teria amado
Diria que nosso amor não nasceu disso
Mas de todos nossos pecados
Mas por meio desse amor desajustado
Sinto que foram todos
Eles perdoados
E iria além e responderia
Apenas se soubesse que ele
De algum modo ouviria
Então com devoção
Lhe diria:
“Gostei de ti desde o principio
Mesmo antes
Quando seus caminhos eram tortos
E seus passos vacilantes”
Sigas em paz meu amante apaixonado
E saibas que em verdade
Por essa infeliz pecadora
Foi até o seu último respirar
Verdadeiramente
E desesperadamente amado!
A.G.B.
Resposta do Poeta a Atriz
Calou a voz do poeta
o silêncio de quem muito tem a dizer
e mesmo que seja mestre em poetar
Desaprende a escrever e falar
Com que roupa te respondo?
Se por baixo dos panos
Somos o que somos
mesmo o mundo se opondo?
Somos tantos e somos nenhum e assim somos um...
Amada amante do romper das eras
Domadora do medo
corajosa em arena enfrentando famintas feras...
Por que te vejo nesse instante
com olhos de antes
Milenar olhar que criado foi para ficar cego ao te lapidar...
Se falo do ontem
parece o hoje...
Pois ainda trago comigo o cômico trágico suicídio
Aos picados...
Amada amante como não ver-te?
Ousas sempre ser o diamante e conservas a esmeralda em teu olhar
O fogo do desafio a me queimar
Sim, ele pode ouvir...
Quase nunca o deixo falar
Mas como tu ousei
E renasci sem receios, de quem para pode ver, me mostrar...
E sempre irei falsamente implorar que não me gostes e que não me olhes...
O mundo guarda tantos amores
mas de ti verte o leite e o mel que alimenta os arrependidos pecadores...
Somos aparições... Nos falamos e não completamos...
E se eu pudesse falar sabendo que me ouviria eu te diria sem vacilar:
Achar que não tremo
e pensas que sou de aço e que não podes nada instigar?
Acha que passaria por mim, e me deixaria ileso, que não faria morada em meu peito
E inverno em minhas vísceras?
E que não te faria sempre a musa de minha poesia...
A dores e amores
E há pendores...
Que oculto do mundo fazemos amuleto...
És tu minha amiga
E a escada escorregadia que me faz cair em meu pior defeito...
O de amar mais do que aguento
mais do que minha pobre humanidade pode suportar...
Ainda é vazia a casa da atriz?
Ou há poesia...
Me perdoe querida
Por sempre ficar por um triz ...
L.T.