AMBULATÓRIO...

Na sala de espera de um consultório médico

um homem doente veio a mim com palavras lavadas em éter

e alguns pensamentos presos com esparadrapo.

Sua voz grelhava as palavras como num épico de encomenda;

amores,

proezas

e tantas conquistas que só um homem saudável pode viver

e apenas um doente é capaz de narrar…

Aquele homem a meu lado contemplava seu passado

enterrando-o em meus ouvidos.

Suas estórias eram citações de tantos outros doentes.

Ele tinha os mesmos sintomas na alma…

Todo doente tem um passado glorioso,

vitorioso

e acidentalmente interrompido.

Todo doente é parente do passado,

tentando crer que o presente é o impostor do tempo…

mas não é.

O presente tem sua própria voz e uma face indisfarçável.

O passado… Ah! O passado…

O passado nós revelamos num retrato falado por palavras de nossa escolha.

O homem é chamado pelo médico,

mas seu passado prefere esperá-lo do lado de fora…

(MAURICIO C. BATISTA)(IN MEMORIUM)

A sala de espera de um consultório médico,

geralmente revela a mudez escondida dentro da alma em prantos.

As pessoas desabafam seu glorioso passado,

tentando disfarçar as tristezas de um doloroso presente.

Costumam observar em sua volta,

e tentam consolar-se sem sucesso com a desarmonia do outro,

porque toda pessoa doente fala a mesma língua...

A insatisfação se faz maioria quando a doença não pede licença

e destrói completamente os anseios da alegria.

As boas lembranças pretéritas invadem como avalanche

os momentos vividos ao lado da saúde...

Que saudades!!!

Como éramos felizes desconhecendo que o verdadeiro valor da vida,

é saber preservá-la para que o passado seja lembrado com alegria,

o presente seja um brinde inesquecível,

e o futuro uma expectativa promissora...

(ESTRELA BRILHANTE)

Estrela Brilhante e Mauricio C. Batista
Enviado por Estrela Brilhante em 02/07/2013
Código do texto: T4368810
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.