Paixão ardida-Angélica T. Almstadter/Maria Thereza Neves

Paixão ardida

Angélica T. Almstadter

Suspira dentro da boca sinuosa,

Um turbilhão de inconfessos desejos.

Agoniza o beijo que a alma revira

Num apelo tímido de tantos ensejos.

Queimam-lhe as noites de castidade

Enquanto cavalga solitária sua paixão,

Que de tão cruel devora-lhe a fidelidade

E aos trancos macera-lhe o coração.

Seu dia boceja tão bêbado quanto insone,

Arrasta-se inerme crivada de poesias

A arderem fundo como se fora fome.

De pupilas dilatadas e o peito arquejante

Sua vida é escorrida em fiapos sem serventia,

Ainda assim, as vezes, galopa esfuziante.

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Paixão ardida

Maria Thereza Neves

Ainda há chamas desta paixão ,

Vagueando por caminhos torcidos,

Lembranças , cacos do coração ,

Espalhados pelos rochedos partidos.

Aromas de Venus, do Olimpo pagão,

Suspenso em ramos entrelaçados,

Onde os deuses todos guardarão

Clamores nos penedos espetados.

No topo da memória, do lençol ardido

Resquícios de peles,dias de sofreguidão

Que não voltarão mais,foram perdidos.

Viagem alucinante que foi só de ida

Lacrada na poesia desfolhada, molhada

Na hora do adeus, lágrimas na despedida.

6/11/2009

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 06/11/2009
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