Diálogos sobre conhecimento x felicidade

Eu já pensei assim e concordaria contigo se nos falássemos há tempos atrás. Mas, com o tempo, percebi que o fato de expandirmos a nossa consciência e de tomarmos ciência do mundo externo não significa que estamos experimentando um estado de infelicidade progressivo, desde que você saiba o que é ser feliz.

Enxergo a felicidade como um fluído libertador da existência e não como substrato de aprisionamento proporcional ao conhecimento mundano. Explico: Se você depositar a sua crença de felicidade no conhecimento ou no saber, e, sendo esses campos de expansão acessíveis à inteligibilidade humana, você estará fadado à infelicidade.

Primeiro porque tudo o que há não está aqui para nos agradar e nem nos desagradar, somente SER, é o que está posto, pois creio que ao mundo reconhecemos o direito de ser quem é enquanto nós temos a obrigação de extrair o melhor (focar no bem, no que é positivo) do mundo. Segundo é que onde quer que depositemos luz, gerará luz.

Se você enxergar a sua expansão de consciência como um fato que, apesar de ser doloroso para sua humanidade, lhe possibilita enxergar a matrix, já lhe será um ponto oposto ao da infelicidade, pois estará se libertando dela e, portanto, se tornando desperto. E, para mim, despertar de maya é acordar para a ilusão das dores mundanas.

Em contrapartida, podemos considerar que não expandir a consciência é a própria infelicidade, uma vez que cinicamente ignorar os fatos externos, não evoluindo mentalmente mesmo possuindo a capacidade cognitiva para tal, é se manter num ideal cínico de felicidade. É, literalmente, fingir ser feliz.

O mundo está aqui para ser explorado (sem objetificá-lo, me refiro às experiências da vida), a partir do momento que nós nos conhecemos e, assim, sabemos quem somos em essência, todo conhecimento externo virará mera ilusão. Esse é o sentido da matrix. Nós vivemos na ilusão do mundo externo o qual, frise-se, não é do nosso controle, e cujo domínio não nos pertence, apesar de sermos atores dele.

Mas, se nos voltarmos a nós mesmos, encontraremos nosso centro de domínio, o único recinto que possuímos a capacidade de, ativamente e por livre e espontânea vontade, dominar. Nosso eu é nosso jardim. Por isso Cristo, e nesse contexto específico me refiro a ele enquanto sabedor maior da psicanálise, nos aconselha à autovigília.

Assim, concluo como opinião que até a dor sentida e captada pelos nossos sentidos é efeito do mundo externo, sendo essa, em essência, ilusão. Tudo o que é da carne é propício da experiência humana, que para o espírito entendo ser necessário, já que há determinados aprendizados que só podemos lapidar na matrix. O despertar é um deles.

Maisalobo
Enviado por Maisalobo em 26/09/2020
Reeditado em 16/10/2020
Código do texto: T7072858
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