Palavras, palavras...

Tenho vivido alguns dias de tormenta, e decido neste momento registrar minhas angustias por meio desta escrita que ao muito longínquo poderá acalentar esses sentimentos inflamados por golpes quase mortais para alma, chega outro final de ano, e vemos mensagens, poesias e discursos inflamados de amor e respeito, de família e união, são nessas épocas no qual eu gostaria de ser apenas brisa para passear pelo cérebro dessas pessoas tão parvas, ser apenas uma brisa para saber se existe cérebro quando se fala em ser o que não se é, não é questão de acreditar ou não, as mudanças acontecem quando as pessoas realmente decidem mudar, não enquanto os outros esperam, as mudanças são aqueles presentes esperados por quem a tanto tempo pede sem poder oferecer muito, mas no pouco que se oferece, oferece tudo que se tem, como é fácil dizer o mau natal é culpa dos outros, quando muito dos outros realmente cooperam com esse mau natal, ser hipócrita virou mania, usar as coisas divinas para se obter vantagem, seja ela política ou familiar, na verdade, acredito que muitos irão pensar em falta de fé, gostaria de saber o que essas pessoas sabem de fé, o que sabem do amor? o que sabem de honra? não me peça para amar, quando só o que recebi foi ódio, não me peça para honrar, quando só o que tive foi desonra, calúnias e injúrias, a mudança começa de dentro, não dos outros, se fui um bom filho, fui porque decidi por mim mesmo ser, não porque meus pais me pediram, se sou um bom pai ou uma boa mãe, ou até um bom irmão, fui porque eu decidi ser, não que qualquer um deles me pediu, a obviedade das coisas e a falta de percepção na bondade e coragem de ser bom contaminou as esferas e hoje não vejo mais famílias, mas juízes da vida alheia, minha angustia passa na garganta como nó, se eu fosse brisa encontraria algo na consciência dos que olham com olhos julgadores, queria eu não encontrar espaços nessas consciências, talvez por isso não nasci brisa, por que muitos teriam espaço de sobra passeios intermináveis, sou tão humano que ouço os gritos da humanidade das vítimas destes inconscientes inconsequentes senhores da razão, não ando com livros embaixo dos braços, sei onde é meu lugar, só ando meio perdido por não saber porque os outros não encontram seus lugares, a física diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar, quem sabe consciências vazias queiram fazer o que a física diz impossível, dizer que passou fome para quem tem fome é fácil, dizer passou frio para quem tem frio não vai resolver problema algum, dizer que os outros tem que sofrer porque você já sofreu é ser hipócrita querendo se vingar de inocentes do que nunca foi capaz de enfrentar, tornando gerações futuras pedras como as que muitos carregam como herança, é fácil usar palavras bíblicas para tentar mudar os outros, mas coragem mesmo é usá-las para mudar a si próprio.

Vil Becker
Enviado por Vil Becker em 21/12/2016
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