Xingu e Altamira - Registrar é Preciso.
Agora,
Depois que o Tuxaua Branco não mais habita
as matas do Xingu.
Agora,
Que as matas do Xingu nem tão densas são,
Precisamos escrever,
Para não esquecer,
De Altamira, sua história e o seu viver.
Agora,
Que o Dom Eurico não mais desobriga pelo rio,
Agora, que a moringa já foi quebrada,
Precisamos lembrar a fio,
Das letras altamirenses,
Falar da nossa gente.
Agora,
Que o saudoso Ubirajara Umbuzeiro não mais
caminha nas nossas ruas a pé, saudando a todos como fazia ao voltar da Escola Deodoro da Fonseca,
Precisamos poetizar.
Sobre os Joãos, os Josés, as Marias.
Sobre os seringueiros, os gateiros, os pescadores, os arigós.
Precisamos enraizar nas palavras os ritmos das danças: do macaco, do boi.
Cuidar como se cuidou da última flor do Lácio e
As Letras juntar.
Agora,
Depois que a Rodovia Transamazônica já passou
Belo Monte chegou, e,
nada terminou neste cantinho do Pará,
Nós acadêmicos,
Precisamos imortalizar:
A Matinta,
O Boto,
A Sapopema,
O Caboclo,
Os Ipês.
Porque,
Daqui a pouco,
Tudo já passou.
Mais as personagens, paisagens, visagens,
Palavras,
Deverão ficar.
Nas páginas das nossas obras.
A contar __ Que a vida vira arte
E a arte vira vida.
E, que só fica esquecida
As coisas que não valem a pena lembrar.
Sônia A. Feiteiro Portugal
Discurso na reunião da Academia Altamirense de Letras, em 26 de junho de 2015, por ocasião do recebimento dos diplomas de:
“Membro fundador da Academia Altamirense de Letras” e “Membro efetivo da Academia Altamirense de Letras cadeira nº 02”.