Xingu e Altamira - Registrar é Preciso.

Agora,

Depois que o Tuxaua Branco não mais habita

as matas do Xingu.

Agora,

Que as matas do Xingu nem tão densas são,

Precisamos escrever,

Para não esquecer,

De Altamira, sua história e o seu viver.

Agora,

Que o Dom Eurico não mais desobriga pelo rio,

Agora, que a moringa já foi quebrada,

Precisamos lembrar a fio,

Das letras altamirenses,

Falar da nossa gente.

Agora,

Que o saudoso Ubirajara Umbuzeiro não mais

caminha nas nossas ruas a pé, saudando a todos como fazia ao voltar da Escola Deodoro da Fonseca,

Precisamos poetizar.

Sobre os Joãos, os Josés, as Marias.

Sobre os seringueiros, os gateiros, os pescadores, os arigós.

Precisamos enraizar nas palavras os ritmos das danças: do macaco, do boi.

Cuidar como se cuidou da última flor do Lácio e

As Letras juntar.

Agora,

Depois que a Rodovia Transamazônica já passou

Belo Monte chegou, e,

nada terminou neste cantinho do Pará,

Nós acadêmicos,

Precisamos imortalizar:

A Matinta,

O Boto,

A Sapopema,

O Caboclo,

Os Ipês.

Porque,

Daqui a pouco,

Tudo já passou.

Mais as personagens, paisagens, visagens,

Palavras,

Deverão ficar.

Nas páginas das nossas obras.

A contar __ Que a vida vira arte

E a arte vira vida.

E, que só fica esquecida

As coisas que não valem a pena lembrar.

Sônia A. Feiteiro Portugal

Discurso na reunião da Academia Altamirense de Letras, em 26 de junho de 2015, por ocasião do recebimento dos diplomas de:

“Membro fundador da Academia Altamirense de Letras” e “Membro efetivo da Academia Altamirense de Letras cadeira nº 02”.

Sônia Portugal
Enviado por Sônia Portugal em 08/11/2016
Reeditado em 08/11/2016
Código do texto: T5816651
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.