I m b r ó g l i o

Não sei quem pintou a zebra;

Quem teve o saco rasgado;

Quando o leite derramou,

Quando a coisa entortou,

Ou o calo foi pisado.

Pois a cobra saiu fumando;

E a torneira frouxa e pingando,

E um fedor forte de queimado.

A porca torceu o rabo;

O pinto foi depenado;

Bebeu água de chocalho;

Foi um estouro danado.

Alguém comeu e não gostou;

A onça foi cutucada;

Houve um tremor na terra,

E a pedra ficou lascada.

Quem com o ferro fere,

Com o ferro sara a ferida;

E a vida do jogador

Vibra sempre com a topada;

Quem vê o que o povo viu;

E sente o que o tonto sentiu,

Ou ao sair na foto, sorriu,

Não tem noção é de nada.

A vaca já foi pro brejo;

Viu a monga e se borrou...

Correu na frente do trem;

Apostou em mais de cem...

De besta ele nada tem...

Já tá no tempo de ir embora;

Ai sim, o nego chora;

E mais tempo o tempo tem.

Já tô ficando maluco;

Ninguém consegue entender;

Quanto mais aqui se escreve,

Bem pior é o parecer;

Um emenda, outro retira;

E a metade da embira

Tanto encurta como estira...

E muito mais você vai vê!

Tomara que o povo veja

O que tantos têm a esconder;

Tomara, meu Deus, tomara!

Quem a boca escancara,

Só tem dente pra morder.

A vida se subestima,

E vamos deixar de rimas,

E procurar o que fazer!

Nas mãos do povo e para o povo

O Brasil vamos deixar.

Se governar fosse fácil,

O difícil era roubar;

Se roubou e não foi preso,

Como esse Brasil vai mudar?

Ou você bate de frente,

Ou tem que aprender votar!

E viva o povo brasileiro!

Viva o Planalto Central!

Ailton Clarindo
Enviado por Ailton Clarindo em 01/06/2016
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