O que fizemos de nossas vidas?

Não da para acreditar onde chegamos, tanto tempo se passou até agora e só conseguimos enxergar o que sempre existiu, parece que vivemos repetindo os dias, as horas, os momentos, até os amores parecem que se esvaíram de nós, como um balão murcho vivemos esperando que alguém nos infle novamente, mas quando alguém nos infla é como se nosso ar de felicidade engasgasse quem não consegue ou não é capaz de fazer do outro o ar para sua vida, para sua realização, aquela felicidade que todos procuram, mas onde estão procurando, não se sabe, a única certeza é que a realização temporária de derrubar a felicidade dos outros hoje em dia é como um final de campeonato, onde o outro que se exploda, e que os juízes joguem a nosso favor, como somos idiotas, idiotas em esperar tudo, de quem não tem nada para oferecer, a não ser solidão e mágoa, se tudo o que vivemos colocamos nas mãos de pessoas assim, onde querem sentimentos para si mas esquecem que sentimentos são feitos para serem partilhados e não guardados ou ignorados, por mais pobre que seja, sentimentos serão sempre sentimentos, quem aprendeu com a dor jamais vai ser indiferente frente a dor do outro, independente da dor que seja, do motivo ou circunstancia, dor será sempre dor.

O que fizemos de nossas vidas? será que por achar que sofremos mais do que os outros nos dá o direito de fazer da vida dos outros um inferno? de querer tudo para si e esquece-se que para ter tudo antes preciso não ter nada, infeliz vida essa que vivemos, a doce morte nos ensina que não dá para exigir demais se não tenho nada para oferecer, brigas estupidas, enredos seculares de épocas barbaras do momento atual, ninguém se respeita, ninguém se ama, ninguém é feliz, as consoantes repetitivas e as teclas de sorrisos malucos só provam o quanto falta o sentimento dos olhos cintilantes ao ver luz nos outros olhos, doce morte que nos deixa tristes quando chega e nos mostra que faltou tempo para olhos nos olhos e sobrou para as vogais repetitivas da felicidade falsa, o que fizemos de nossas vidas quando deixamos a doce morte nos fazer companhia em vida, e esquecemos do que deveríamos fazer em vida, doce morte que não temos em vida, que falta faz um amor para ressuscitar a vida que essa morte fria aos poucos está levando.

Vil Becker
Enviado por Vil Becker em 30/10/2015
Reeditado em 07/03/2021
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