ACEITANDO E APRENDENDO A CONVIVER COM AS DIFERENÇAS

Quando vemos algo diferente de nós ou do mundo em que vivemos, às vezes, temos reações que inibem aqueles que estão envolvidos nesse contexto. Amedrontamos e afugentamos aqueles que supomos serem seres inferiores a nós. Não entendemos, ainda, que ser diferente é normal.

Ainda bem que existem as diferenças. Imagine só um mundo em que todos gostassem do mesmo tipo de roupa, comida, música, esporte, filme, trabalho, pessoas, animais, cidades, livros, carros, motocicletas e cores. Haveria uma monotonia e não haveria novas descobertas, pois são as diferenças, as experiências em diversos ramos da vida, os questionamentos, as contestações e contradições que fazem com que evoluamos. Do contrário, estaríamos fadados a uma estagnação insuportável.

As diferenças existem para estudarmo-las e não para discriminá-las. Se nos dispuséssemos a olhar aqueles que são diferentes de nós com olhos de compreensão e ternura, entenderíamos que somos diferentes para eles também.

Se vejo a roupa de alguém como extravagante ou fora de moda; se acho o jeito do outro de se vestir, falar, agir, viver esquisito, ele poderá está pensando o mesmo de mim.

Não é errado achar o outro diferente, o incorreto é eu querer achar que eu sou o certo e que ele está errado.

Nossa justiça, nosso Código Penal, nossa Legislação e nosso Código Civil entram em diversas contradições. Por que é que não se pode entrar em determinados estabelecimentos de bermuda, boné, camiseta ou chapéu? Por um acaso a roupa interfere no caráter de alguém?

O racismo é um crime, não é? Quando eu proíbo alguém de entrar em determinado local por causa da roupa que ele está usando, que nome se pode dar a isso, se todos têm direito à justiça, à educação; se toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos na Declaração dos Direitos Humanos, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição?

Se toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, por que é que uns passam longo tempo em um presídio por crimes não tão graves, ao passo que outros, que cometeram atos hediondos, são libertados rapidamente? Porque nossas leis, em certas circunstâncias, têm um preço que a justiça não pode pagar, pois é uma questão de poderio econômico para que não ou se cumpram. Nosso mundo é um mundo de leis e não de justiça. Não temos justiça, temos leis que nem sempre são justas. E quanto à essas leis, elas podem ser burladas, forjadas e compradas. Mas existe um conjunto de leis que forma a Justiça Divina que é infalível. A ela ninguém compra; ela se cumprirá com e apesar de todos os homens e de todas as circunstâncias.

Todos os conflitos irrompem porque nós nos preocupamos muito com as coisas externas e esquecemos muitas vezes de olhar as pessoas com os olhos do coração.

Grandes crimes e atentados contra a humanidade foram perpetrados por homens que se vestiam de forma impecável, tinham cultura e inteligência.

Jesus elucidou essas situações quando falou que somos como sepulcros caiados, belos por fora, mas cheios de podridão por dentro. E o Mestre também ressalta que “se seus olhos forem bons, todo o seu corpo também o será”.

Se tivermos nossos olhos voltados para a beleza das pessoas e da vida, seremos criaturas saudáveis. Concluímos, então, que não é a forma de se vestir, comer e viver do nosso irmão que nos incomoda, mas os nossos “olhos maus”. Olhos que veem somente defeitos onde há qualidades. O que precisa mudar não é o exterior dos outros, mas a nossa forma de olhá-los. Quando nos preocupamos com essas puerilidades, deixamos de aprender coisas esclarecedoras e perdemos a oportunidade de conviver com seres que muito poderão nos acrescentar.

Não podemos nos esquecer do racismo que muitos têm contra os homossexuais. São pessoas que, como qualquer outra, possuem sentimentos, têm um coração que pulsa e que vibra, têm talento, intelecto, caráter, brio, honra, senso de justiça muito mais do que alguns que se dizem heterossexuais.

Diversos homossexuais contribuíram intensamente com a arte, com a filosofia e com a ciência. Podemos citar exemplos como Elton John, Rudolf Nureyev, Cássia Eller, Greta Garbo, Renato Russo e muitos outros que são filhos, pais, seres humanos e profissionais muito dignos.

Mas, afinal de contas, o que é ser um heterossexual? Será que é sair traindo, mentindo, brincando com os sentimentos das pessoas, esnobando e rotulando os outros por aí, como muitos que se dizem heterossexuais fazem? É somente fazer sexo com o sexo oposto?

Será que ser homem ou mulher é privilégio daqueles que sentem atração física pelo sexo diferenciado?

Ser homem ou mulher é saber que todos temos nossas fraquezas, medos, sonhos e nossos amores. É respeitar pontos de vista, escolhas, comportamentos que divergem dos nossos. É amar a natureza, os pássaros, os animais e ter muito amor pela vida.

Se há apreço entre homossexuais é muito mais nobre e digno do que estar com alguém e pensando em outro, pois está junto por estar, para viver o que é “normal”, sem escutar os sentimentos, e isso é próprio das alimárias.

Recentemente, li em alguma página que um deputado elaboraria um projeto enfatizando o fim da permissão judicial para que casais homossexuais adotassem filhos.

Esses mesmos deputados que votam em um aumento salarial astronômico para eles, desviam dinheiro público, roubam o direito das crianças de terem uma escola de qualidade, uma família, uma cidadania, parece que querem que algumas crianças continuem nos becos da miséria.

A criança que está com fome, sem um lar, quer que alguém lhe dê estrutura, um prato de comida, carinho e atenção, e não que se criem leis que aumentem o sofrimento delas ainda mais.

Não afirmamos que todos os políticos sejam corruptos, de forma alguma. Temos, no Legislativo, Executivo, Judiciário ou em qualquer setor de trabalho, representantes que são profissionais sérios, humanos e dignos de confiança. O problema nunca será a classe, mas o indivíduo ou indivíduos que a compõem.

Se a preocupação na adoção de uma criança por homossexuais é o preconceito que ela irá enfrentar por ter pais homossexuais, o que precisamos trabalhar é a mudança de mentalidade desses que disseminam o racismo, apregoando valores como tolerância, humildade, aceitação e caridade, para que aceitem comportamentos e escolhas diferentes das suas.

Ser pai ou ser mãe é dar atenção, educação (moral e intelectual) aos

filhos, ensinando-os que o amor, venha de onde vier, é capaz de mudar o mundo e fazer florescer a paz, a harmonia e a luz divina dentro e em torno de nós.

Quando somos discriminados (e todos já foram um dia, pois há discriminação e preconceito de negro para branco, de branco para negro, dos negros com os próprios negros, de nacionalidade, de posição social, idade, sexual) é como se um gigantesco asteroide percorresse, rasgando nosso céu sem pedir licença. Temos que quebrar essas barreiras de “segurança” que alguns criam para se “protegerem.” Precisamos ajustar nossos receptores para falarmos a linguagem do desconhecido e sintonizar nossa freqüência para captarmos a essência divina das pessoas que nos são diferentes, deixando a indiferença de lado. Aqueles seres que discriminamos, que julgamos inferiores como certos animais, plantas, aves, répteis, insetos e os seres humanos e espirituais, talvez estejam salvando a Terra e estejam fazendo por ela muito mais do que nós que supomos ser ilibados.

Diferente

Um tanto quanto estranho

É o seu jeito de ser,

Mas ele é só diferente,

Diferente de você.

Não é melhor nem pior;

Precisamos entender!

Não julgue o outro, amigo,

E tente se convencer:

Que você não é um rei:

É simples pobre e plebeu;

Porque os reis de verdade

Respeitam você e eu...

A verdadeira riqueza

É coisa do coração.

Não está dentro de um cofre

E nem naquele carrão!

Eu posso até ter de tudo,

Tudo em que acreditei,

Mas se não tiver amor,

Aí eu nada serei.

E cada um necessita

Aprender a perdoar.

E que é bem aventurado

Aquele que sabe amar...

Abra sua mente,

Seja inteligente!

Baiano diz “ôh gente”

E mineiro fala “uai”.

O valor de cada um

Não é você que mede,

Viver em liberdade

É tudo que se quer,

É tudo que se pede.

Desça desse altar,

Se enxergue como é:

Alguém que está caído

E quer ficar de pé (precisamos ter fé).

Pense um pouco mais,

Faça uma ginástica,

Mude essa mente estática

E aprenda a conviver,

Sou igual a você,

Ah, eu quero ser...

O que eu quiser ser...

PARA REFLETIR

Uma mulher que não tinha o que fazer, ficava vigiando a vida de sua vizinha o dia todo. De vez em quando ela falava para seus filhos ou alguém que chegasse à sua casa:

__Olha só! Veja como a minha vizinha é descuidada. As roupas que ela lavou agora a pouco estão todas sujas. Vem, chega aqui da minha janela para você vir!

Um dia, a colega da filha dessa mulher foi visitar a amiga, e ao chegar lá, aquela senhora a puxou pelo braço para lhe mostrar as roupas sujas da vizinha. Aquela jovem parou, olhou, observou e respondeu para aquela senhora:

__Minha senhora, não é a roupa da vizinha que está suja; é a sua janela...

Façamos uma limpeza, uma higiene em nossas “janelas”, em nossa

forma de ver as demais criaturas. Purifiquemos nossas mentes, nossos olhos

e nossos corações para que tenhamos o belo em nosso íntimo. Assim agindo, descobriremos que na imensidão do Cosmos há seres que cumprem com seus deveres, e não param, apesar de nosso preconceito e de nossas críticas mordazes, porque sabem que aos olhos de Deus eles têm valor.