ESCOLHEMOS O MAGISTÉRIO

ESCOLHEMOS O MAGISTÉRIO!

Ser professor, hoje, é visto por muitas pessoas, como exercício do sacerdócio comparando-o ao sacrifício e intercessão relacionados às funções sacerdotais. Como se o regente de classe fosse obrigado a aceitar as condições apresentadas ou desistir do seu cargo.

Tornou-se comum a expressão: “Não está satisfeito, procure outra coisa pra fazer, mude de profissão!” Tal conselho se aplicaria aos profissionais que não se identificam com suas funções e, por essa razão, não correspondem às expectativas! No entanto, tem sido direcionado àqueles que expressam sua insatisfação com as precárias condições de trabalho e, principalmente, com a remuneração do mesmo.

Até onde entendemos é direito do trabalhador reivindicar melhorias! Pelo que conhecemos da História da Humanidade, no domínio social, as massas trabalhadoras sempre lutaram pela conquista e efetivação dos seus direitos, de sua liberdade e de seu progresso. Isso é fato marcante nas sociedades capitalistas, sempre caracterizadas, dentre outras concepções, pela existência daqueles que fazem e daqueles que mandam fazer! Sistema este que, com suas mazelas, acabou gerando carências e dificuldades que ofuscam o conceito de justiça do trabalhador.

Daí, o surgimento das lutas de classes, compreendidas por Karl Marx como uma constante dialética das forças entre poderosos e fracos. Séculos depois, observamos que as questões levantadas por essas classes continuam atuais e muitas deficiências ali apontadas, ainda não foram ajustadas.

Embora a realidade tenha se transformado e o mundo tenha evoluído, ressaltando, ainda, o fato de que tais lutas originaram-se no proletariado privado e a categoria aqui representada, seja do setor público, ainda há muito que ser discutido e realizado para que haja uma coerência entre o que se fala e o que se faz.

Não é muito difícil identificarmos a incoerência daqueles que fazem o discurso e, quando tem oportunidade de colocá-lo em prática, não o fazem! Mas nem por isso, são convidados a deixar seu cargo ou mudar de profissão, já que não correspondem às expectativas da sociedade! Alguns poderão justificar, dizendo: “Mas não vivemos reclamando, tampouco, estamos insatisfeitos.” Ao que prontamente, responderíamos: “Nós também estaríamos satisfeitíssimos se desfrutássemos de semelhantes vencimentos!”.

Quando, aqueles que têm o poder de definir seus proventos entendem que necessitam de reajuste, não lhes ocorre a possibilidade de procurar outra ocupação. Ao contrário, tratam logo de resolver o suposto problema! No entanto, o professor que tem sua remuneração abaixo do piso nacional, alguns inclusive, após descontos de praxe, recebendo menos que o salário mínimo, volta e meia tem que ouvir o citado clichê e, ainda, ser induzido a pensar que os que discordam desta situação, estão envenenando a classe!

Ora, mal de veneno se cura com antídoto. E existe melhor “contraveneno” do que a equiparação do nosso salário ao piso nacional, acrescido do reajuste anual por intermédio da data base? A resposta é SIM, mas por hora, isso nos basta!

Bete Ribeiro
Enviado por Bete Ribeiro em 15/04/2010
Reeditado em 26/01/2015
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