Saudação e Agradecimento aos Formandos de 1995

SOCIEDADE EDUCATIVA ITAUNENSE

COLÉGIO JOÃO DE CERQUEIRA LIMA

ITAÚNA – MINAS GERAIS

Saudação e Agradecimento aos Formandos de 1995

Discurso proferido no dia 15 de dezembro de 1995

Professor Arnaldo de Souza Ribeiro - Paraninfo

Excelentíssimos Senhores que compõem esta mesa de honra, já nominados, senhores pais, avós, filhos, esposas, namorados, namoradas, amigos e demais convidados aqui presentes.

Boa noite a todos.

Meus caros afilhados,

Uma vez mais quiseram os formandos do COLÉGIO JOÃO DE CERQUEIRA LIMA, numa prova de generosidade a exemplo de seus colegas, formandos de anos anteriores também concederem a este Professor de Direito e Legislação e Organizações e Técnicas Comerciais, o prazer e a honra de paraninfar mais uma turma.

Recebam antecipadamente meus sinceros agradecimentos.

Nesta oportunidade em que nos encontramos pela última vez na condição de professor e alunos, pois doravante nos encontraremos na condição de ex-alunos e ex-professor, padrinho e afilhados, quero unir às minhas palavras de gratidão, algumas palavras de advertência e, sobretudo, de incentivo. Estou certo de que um professor não pode perder nenhuma oportunidade para esclarecer e incentivar aos seus alunos, ainda que seja no dia festivo da formatura, onde paira o espírito de confraternização ao comemorar o término de uma jornada e início de outra e, diga-se de passagem: a que ora inicia é mais árdua que esta que termina.

Mas prometo, serei breve.

Disse certa vez o pensador kardecista André Luiz:

“Os rios atingem todos os seus objetivos, porque conseguem contornar todos os seus obstáculos.”

Trata-se de uma verdade insofismável, uma vez que nenhum segmento da natureza encontra tantos obstáculos como os rios, ou seja: são represados em barragens, movimentam turbinas, iluminam cidades e geram o progresso, entretanto, possuem tolerância, persistência e sabem esperar e por esta virtude sempre atingem o maior de seus objetivos que é chegar ao mar, onde encontra grandeza e profundidade.

Dentro destes princípios de enfrentar obstáculos, exercitar diuturnamente a paciência e de nunca perder o objetivo inicial é que fundamentarei minhas breves palavras, pois acredito:

A vida dos estudantes em muito se assemelha ao curso dos rios, ambos possuem forças para atingirem grandezas imensuráveis; os rios: promovendo o progresso ao gerar energia e servirem como meio de transporte e assim promover o encontro entre as pessoas e por fim, na formação da imensidão dos mares; os estudantes, estes com seu entusiasmo e jovialidade, com seus trabalhos e conhecimentos serão os profissionais do amanhã e por certo construirão um mundo melhor.

No final do século passado nos ensinou o jurista baiano Rui Barbosa:

“A chave das desgraças que nos afligem é esta e só esta: a ignorância popular, mãe da servilidade e da pobreza”

Rui já pressentia que um povo seria forte na proporcionalidade de seus conhecimentos.

Por esta razão é responsabilidade daqueles que tiveram acesso ao conhecimento, aprimorá-lo e compartilhá-lo com aqueles que não o tiveram e, sobretudo, aplicá-lo na consecução de um País melhor e livre, onde não predomine a servilidade e a miséria, onde todos possam viver democraticamente e que o exercício da cidadania não seja privilégio de poucos.

Agindo assim estarão os senhores materializando as palavras daquele sábio e anônimo pensador:

“Todo homem é chamado a caminhar em direção ao sol na luz de seu próprio raio. Assim ele realiza o maravilhoso desígnio que Deus escolheu para ele.”

Estamos nos aproximando de um novo milênio, o ano 2000 se aproxima breve estaremos diante de uma nova realidade e não devemos nos contentar em sermos simplesmente espectadores deste novo momento; deveremos ser colaboradores e participes desta nova era.

Estou convencido de que as principais molas propulsoras do novo milênio serão os senhores, juntos a outros milhares de estudantes espalhados pelos cinco continentes, por possuírem o espírito sonhador e a incansável vontade de transformar os sonhos em realidade.

Os estudantes, parafraseando Euclides da Cunha: assim como os nordestinos são acima de tudo, fortes.

Meus caros formandos: estejam certos que eu e os demais professores desta Casa de Ensino, não temos dúvidas, de que os senhores caminharão exaustivamente e mesmo que pelos caminhos encontrem espinhos, persistirão. Pois, temos a certeza de que os senhores sempre serão fieis aos seus nobres ideais e assim, contribuirão para construir um mundo novo e melhor.

Neste momento conclamo-os a manterem o espírito revolucionário, o bom sentido da palavra, comum a todos os estudantes e que tenham sempre como suporte: a liberdade, conquistada através do conhecimento. Não lhes deixem faltar a crença e a certeza de que dias melhores virão e para enfrentarem o desconhecido e os possíveis obstáculos, escudem-se nos livros, no papel e na caneta. Que diuturnamente exercitem a humildade para recomeçar e reconhecer os erros eventualmente cometidos e se faltar inspiração, lembrem-se dos ensinamentos de Monteiro Lobato e do anônimo pensador, que asseveraram, respectivamente:

“Um país se faz com homens e livros.”

“Um livro aberto é um amigo que fala e quando fechado é um amigo que espera.”

Estudem e trabalhem sempre, não se dêem satisfeitos com o Diploma. Foi-se o tempo em que um Diploma era o único passaporte para um bom salário e aquisição de uma boa posição social, com emprego estável.

Em razão da massificação do ensino, muitos possuem oportunidade de freqüentar uma escola de segundo grau, de formação ou um curso universitário.

Estamos também em um país onde não se tem por tradição o culto à prática do saber, vivemos em um país do faz de conta e muitos sofrem por esta equivocada forma de agir e pensar.

As escolas não podem e não devem abdicar do seu grande objetivo que é formar e informar homens e os homens em fase de lapidação precisam exigir sólidos conhecimentos. Desta forma o Diploma tão almejado, será a materialização do conhecimento, que foi adquirido ao longo dos anos, semelhante a uma casa que foi edificada de forma sólida e em terreno adequado, para resistir às intempéries do tempo, o Diploma deve fornecer ao formando: a base, o preparo para acompanhar e influenciar as transformações do mundo.

Hoje os senhores receberão um Diploma, que recompensará aproximadamente onze anos de estudos, que certamente lhes custaram: renúncias, preocupações, noites mal dormidas, provas e tantos outros obstáculos, comuns às vidas dos estudantes.

Vencida esta etapa, os senhores estarão autorizados a exercer a profissão de contadores e, diga-se de passagem, de grande importância e de grande responsabilidade, pois cabe aos contadores a nobre missão de equilibrar as finanças das empresas, orientarem aos empresários e recolher ao Estado o que lhe é de direito em forma de tributo; para que com estes valores possam atender ao bem comum.

Lamentavelmente vivemos em um País desorganizado, sua contabilidade pública não funciona, os valores repassados ao Estado pelos contribuintes são mal destinados e o nosso orçamento é mera peça de ficção.

A maioria dos legisladores legisla em causa própria e o executivo nunca cumpre as promessas de campanha; vivemos em um mundo de fantasia, presenciando o grande palco ou picadeiro que se tornaram as administrações públicas.

Frequentemente informam os jornais, o rádio e a televisão, que as CPIs não apuram nada, a existência de obras faraônicas superfaturadas no interesse alheio à Nação.

Pela falta de controle e conscientização popular, presenciamos a falência do sistema de saúde, o fechar de escolas, a precária situação de nossas estradas e o vergonhoso e acelerado empobrecimento de nosso povo.

Para encerrar, quero dizer que nem tudo está perdido, apesar dos pesares o Brasil é um grande País e o seu futuro e o seu progresso está diretamente ligado ao nosso esforço, estudo, trabalho, seriedade e, sobretudo, na participação efetiva e corajosa de nossos jovens.

Quero também desejar-lhes:

“Que todos os seus dias tenham suficiente espaço para novos interesses, novas experiências, novos amigos... novas realizações.

Mantenham-se sempre ocupados para que suas vidas tenham sentido...que sejam suficientemente tranqüilos, para que possam ter tempo para sonhar...”

E nunca se esqueçam que:

“O realista dificilmente mudará a realidade, mas os sonhadores na maioria das vezes transformam seus sonhos em realidade.”

E que estes sonhos sejam: de trabalho, de progresso, de conhecimentos e confraternização, correspondendo assim, aos sacrifícios e incentivos de seus pais, que são os maiores responsáveis por esta conquista que hoje comemoramos.

Não podemos nos esquecer, nossos pais foram os nossos primeiros mestres e sem dúvidas da disciplina mais importante, doutrinaram-nos para a vida e como Diploma nos legaram seus edificantes exemplos.

Muito Obrigado.

Que sejam felizes.

E que Deus na sua infinita bondade e compreensão proteja a todos.

Itaúna, 15 de dezembro de 1995,

Professor Arnaldo de Souza Ribeiro.

- Advogado

Obs. Discurso publicado no livro: Magistério: estudos, pesquisas e palestras. 1. ed. Itaúna: Vile – Escritório de Cultura, 2014, p. 43 a 48.