palavras alucinadas

Tudo começou quando acabou. Tudo de novo, pensei, acidentalmente, pulando de pára-quedas, sem os mesmos. Eu só penso nisso, e naquilo, as palavras me dominam, subjugam e eu me prosto, reverenciando-as, como num ritual pagão. Tô louco?

É sempre assim, começo sem assunto nenhum depois não quero mais parar, fico inventando frases para disfarçar, peruca, maquiagem, parafuso solto, tudo que uma pessoa maluca beleza imagina ser, confuso?

Pra início de conversa, agora que já estamos íntimos, você não me entende, tudo não passa de um passatempo, coisas do fim do mundo, palavras empenhadas, empenhoradas, avalizadas por mim mesmo, mas com efeitos alucinóginos, estranho, vertigens, vendo coisas? Fabricando coisas, inventor, mágico, ou ilusionista da palavra? Na verdade, mentira, fabrico estórias para me entreter, matar o tempo, assassinar o ócio, estrangular o tédio, mexer com os sentidos, não estou sentindo nada, nada de nada, tudo escuro, lampejos de loucura, fonte inesgotável de insubordinação, desrespeito ao meu código, palavras corrompidas, banalidades que atormentam o cérebro, como calmantes, tomo acidentalmente frascos inteiros de comprimidos tão comprimidos que quase não são vistos, estou comprimido nesta folha, sem saída, não tenho palavras para me expressar, até os conhecidos estão desconhecendo-me, como se eu não existisse.

E foi neste dilema que me embrenhei, parafraseando o dicionário em busca de uma solução para meu vocabulário, pobre, e tudo não passou de uma tentativa inútil de me redimir perante vós, voltar a ser o nunca fui, nem agora nem outras eras, nem no passado nem no futuro, que não existe, e o presente não me presentiei, rimei? Passei da conta, matemática simples, vou embora, embora nunca tenha chegado, toda a matéria diluída, evaporou, e o espírito, que não é santo, do homem, decaiu, o tempo que expirou, a palavra que não saiu, fugiu, a intenção, até que era boa, mas cadê a imaginação? Tudo não passou de um sonho. Vivo, mas a morte me persegue, desde o nascimento, a literatura da vida traduzida em livros sagrados, escritos por quem? Ninguém é santo. Que atire a primeira pedra. (Não) Sou louco?

florencio mendonça
Enviado por florencio mendonça em 18/04/2008
Código do texto: T951269
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