linguagem distorcida

Se uso linguagem distorcida, minha língua estagiária, quer aumento, promoção, pra ir pra longe das estações, fazer festas, quero mais é me mudar, para o pólo, norte ou sul, tanto faz. Amanhã, seja daqui a dez ou cem anos, serei apenas uma lembrança que nunca existiu. Será inverno ou verão? As palavras serão as mesmas? Terei tempo? Tempo relativo, tempo encurtado, espaço encurvado, vou, num passe de mágica, alterar minha rota, vou à pé, pra quê a pressa? Tenho apenas a vontade de chegar, pode demorar anos-luz, atravessados na minha garganta, presos na minha solidão.

Está consumado, apenas repeti o que não aprendi na escola, cola, na vida exagerada, como num filme, um grito, no desespero, me perdi, escuto vozes e acabo me envolvendo onde não posso, por exemplo, quero te impressionar e aí, consegui?

Mande-me um telegrama, na grama te espero, juro que não é anestésico, é remédio puro, seiva suave, sagrada, substanciosa, para acalmar o sistema nervoso central, ponto estratégico, nevrálgico, atormentado pelo estresse, condição deste tempo, comunicação de massa, público alvo, não me perco, no caminho, direcionado, pronto pro ataque, foi assim que sobrevivi, por enquanto, estou apenas vendendo meu peixe, aliás, meu, só o nome, nem me lembro o meu, qual é o seu?

O consolo é a manhã seguinte e o sol de novo brilhando no infinito do céu, promessa divina.

A matéria-prima para este meu desabafo é a falta de opção. Cada frase que escrevo vem de um lugar desconhecido, conhecido, fugas mirabolantes, um mundo conhecido e desconhecido, imaginado.

Tocando piano no final de tarde e a canção era o alívio para estes estados de dormência mental, enquanto lá fora o mundo corre galopando no vento e a única lembrança era algo relativo ao futuro, nada presente, nenhuma visão, nada, cegueira total. A razão, se não a tenho, vou descobrir sua vontade, satisfazê-la, a ponto de me perder, de novo, neste emaranhado de humanas sensações.

A verdade, oculta, se distancia, na velocidade das ondas, que me envolvem. O cárcere privado que vivo, preso, por minha própria opção, televisão, hipnose coletiva, ofusca a transparência, vivência relativa, atômica, desinformada, desinteressante, tediosa, estou em busca de um tesouro, ouro, o poder tem seu preço e para pagá-lo tenho que fazer concessões, empréstimos, avalistas, nome limpo e cheiroso, garantia, fidelidade, referência, endereço certo, bons antecedentes, certidão negativa etecétera e tal.

Está vendo? Não? Nem tudo é como se imagina, a imagem distorcida, coma a linguagem, traz confusão em profusão, cascatas de confusão, esquisito, não? Tudo pode acontecer em um segundo, dois, os acidentes de percusso são assim, e o resto também.

Este meu estado primitivo, estes cabelos desgrenhados, a face enrugada, esta marca, sinal de que fui castigado pelo sol, é o tempo que impôs, força cruel, nesta vida curta e tediosa, de novo, ignora a sabedoria e assusta a consciência, quando grita por socorro, quando chora sozinha, quando fala e não é entendida, quando desperta e está novamente só, somente só.

Não é o fim do mundo, é o fim de alguém, e daí, doeu em você?

florencio mendonça
Enviado por florencio mendonça em 17/04/2008
Reeditado em 17/04/2008
Código do texto: T949813
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