É Sério
É Sério
É sério, mesmo, mais do que você possa imaginar. É não é jogo de palavras não. E tem duas vertentes.
1. Não se leve tão a sério.
2. Não leve os outros tão à sério
Comecemos pelo 2.
O mundo é um hospício, isso é básico, regra número um no manual de sobrevivência de qualquer um que queira sobreviver se sentindo bem, então, concluindo, só tem louco por aqui. O caso é que essa definição não vale para a categoria dos que habitam seja o Pinéu, seja o Juqueri, ou congêneres, porque a loucura destes, a patológica, a dos miolos mesmo, catalogada, diagnosticada (?!), no pior sentido físico do termo, bom, essa, num bom dia a gente reza por eles, quando nos lembramos deles, e no mais a gente passa longe. Porque já basta a nossa loucura. E é a essa que me refiro. Todo mundo tem a sua, admitindo ou não, sendo que a habilidade maior, no Grande Paraíso Disfuncional, tentar administrá-la como puder. Assim, como levar ao pé da letra o que vem de fora? Bobagem, dá um desconto, fulano não está num bom dia, ou, você não sabe o que aconteceu com ela...Muito cá entre nós, como é que você vai levar um louco tão à sério? E o “tão” é fundamental nessa equação. Porque o sério equivale ao respeito, que é bom e todo mundo gosta, mas tão sério pode ser uma gran bobagem. Afirmação válida para 99% dos casos, sendo o 1 restante um instante daqueles quando colocam a arma na sua cabeça. Aí o tão vale. Mas, vivamos nos 99, (e até os 99) e continuemos na toada. E a toada aqui, assim versa: não há como avaliar o grau de angústia e/ou sofrimento de outro ser humano, que encontramos aleatoriamente, por exemplo, “amigo há quanto tempo...”, seja na padaria ou na frangaria. Se isso muitas vezes já é impossível com a pessoa com quem dormimos junto, e não “naquela” noite, mas todas as noites, anos a fio, quanto mais um estranho, um não estranho, um de convívio diário, ou quase. Então calma. Porque louco também tem sentimento. Ah, você sabe o sentimento alheio...ah...nesse caso, nesse instante e com devido respeito, me desvio de você e volto para a toada, que nada, nada, proclama: ninguém sabe o que o outro está sentindo. Vamu lá, será que não lhe parece a maior estupidez, pretensão, megalomania, ou tudo isso junto, sequer supor o que o seu semelhante está sentindo?
E não estamos falando aqui de uma perna quebrada ou de um porre. Ora, (ora que melhora), ora, resumindo a vertente 2, cuja soma do conteúdo também é 2, a saber: o mundo é um hospício e é literalmente impossível SABER o que sente vosso semelhante, assim, por que levá-lo tão à sério?
Vertente 1 – Não se leve tão a sério.
Na minha opinião, humilde e descalça, e supondo que o espelho acima obteve algum êxito, só resta acrescentar: mas te levas tão a sério por que? (Aqui o tão também vale). Mas tão a sério...hum, sei, a vida lhe foi madrasta, sei, houve uma grande perda, pô, que chato, ahhh, com você também(!?), quer dizer, desculpe, só com você, mas é óbvio, só você sofreu e o seu sofrimento, que é super seu, é incomparável, indizível, inominável, porque, afinal de contas, só existe você, e é melhor te levares mesmo muito à serio, afinal a humanidade evaporou-se, sobraste tu, pairando imperativo, sobre um nada muito relativo.
No frigir da toada, resumo: o hospício esta aí, ambos somos parte integrante dele, independente de nossas vontades, só isso. E “só louco, amou como eu amei...”, e só louco também, achou como eu me achei...Porque eis a verdade: só eu tenho a verdade! Ah, não cumpriram as minhas ordens, justo as minhas, ainda por cima pra cima de mim, o rei da cocada multicor... O quê!? Teve a coragem de me falar aquilo, pra mim, eu que pago as contas, eu que faço e aconteço...(essas palavras lhe soam familiares?). Pois é...muito à sério. Porque em todo hospício tem Napoleão, e geralmente essa é a fala. Juntando os conteúdos das vertentes, sentimento e pretensão é artigo inato da Napoleoa ou do Mindingo do hospício. E quando a “lente de aumento” do doido, focada naquilo que ele supõe ser uma questão, sobe uma oitava, a formiga observada num assim assim se transforma num elefante, e, ou bem ele é cheio de louvor ou ela é cheia de dor, sendo a verdade dos contrários extremamente válida, até porque, tudo por aqui, (no hospício), tem no mínimo duas verdades. À sério, e tão à sério. Mas é sério.