3 ANOS SEM JOÃO PAULO II - O PAPA PEREGRINO

Ele precisou receber dois tiros para que o mundo percebesse a sua bondade; mesmo tendo desafiado o poder das armas; tendo promovido a bondade e a paz a vida inteira, precisou ser alvejado para sair do casulo da desconfiança e assumir de fato o Trono de Pedro no Estado Vaticano e se tornar o Pontífice mais popular de todos os tempos.

Nasceu Karol Wojtyla na Polônia e tornou-se João Paulo II por adoção eterna latina para a condução do rebanho de católicos; viajou por mais de 100 países em mais de duas décadas de deprecado da fidúcia; se foi santo, somente o povo poderá dizer, mas ganhou toda a minha admiração quando pediu desculpas pelas atrocidades da Santa Sé no passado e condenou toda e qualquer articulação discriminatória do seu tempo.

João Paulo II conheceu de perto praticamente todas as culturas; todos os povos; todas as angústias; todos os sofrimentos e esmolou as migalhas até seu último minuto de vida em prol de seu povo; perdoou seu algoz num dos momentos mais sensíveis já vistos; visitou todas as cidades importantes das outras religiões; falou para hindus, mulçumanos, judeus, budistas, protestantes, ortodoxos e ateus, consolidando a missão da representatividade Mor da estampa de Jesus Cristo.

O mais incrível na história de João Paulo II, além da bondade e da doação própria aos propósitos da paz, foi à questão diplomática. Nenhum pontífice antes dele deixou tão claro a posição do Vaticano como um Estado soberano, que possui Chefe, leis, moeda e corpos diplomáticos espalhados por quase todos os países. De 1978 até 2005, Roma viveu momentos espetaculares, com multidões intermináveis a visitando, apenas para ver o Bispo de Roma nas suas audiências coletivas que atraíram milhares de peregrinos de todas as nações.

Hoje, 02 de abril de 2008, completa três anos que eu fiquei triste, mesmo sem nunca ter sido católico, e o mundo deixaram de enxergar a figura alegre do Papa João Paulo II. A morte física de Karol Wojtyla foi apenas um pequeno detalhe na circunstância de orfandade da humanidade que dificilmente terá outra figura similar nos próximos 2008 anos; morre o Papa e nasce uma biografia a ser explorada por milhares de bons escribas, da mesma forma que nasceu e permanecerá uma mensagem de esperança para a conciliação dos mandatários.

Reafirmo não ser da religião católica, mas fiz Primeira Comunhão na Igreja de São Domingos no Largo da Ordem Terceira do Pelourinho e me acostumei desde criança a ouvir verbetes como homilia, cúria, papado e tantas outras que compõem o mundo singular da Santa Sé; cresci como homem vendo João Paulo II conduzindo as questões políticas e humanísticas de forma coerente e por isso que eu também reafirmo que ele será lembrado eternamente pelo conjunto de obras e gestos.

A benção João de Deus, nosso povo te abraça; tu vieste em missão de paz, e se fores santo como dizem, abençoa este povo que te ama.

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

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