COMO FAZER UM DUETO

Intrometido, meti-me a fazer um dueto...

E levei um baile...

Achei “divino maravilhoso” um soneto...

Pensei com meus zíperes... É hoje...

E lá vou eu, de primeira... Saiu um outro soneto...

Divino, maravilhoso, majestoso, delicioso, fenomenal, ótimo...

Quase um Vinicius de Moraes...

Nem tenho mais palavras para meu narcisismo...

Ousado, mandei o rascunho definitivo para a “musa” inspiradora fazer uma revisãozinha e aceitar a parceria...

Enxerido, ainda disse: “Pode corrigir alguma coisa que não estiver boa!!!”...

Quase à semelhança do Adoniram Barbosa com os Demônios da Garoa...

Ele mandava a letra e dizia: “Se virem com a música!!!”

A “musa” deu-se ao trabalho de ler o email e deve ter chamado um ortopedista para ajudá-la...

Acho que ela “nunca neste país” tinha vista um soneto com mais pés quebrados que o meu...

Num ato “heróico”, delicadamente corrigiu-o...

Explicou-me que fizera isso para acertar a métrica dos versos para decassílabos “sáficos”, como era o soneto inspirador e que eu, na minha ânsia criadora, não havia percebido...

Fez umas doze próteses e amputações nos versos para acertar os “pés”...

Lendo melhor meu soneto original, vi quanta criatividade eu tinha tido...

Havia versos octossílabos, eneassílabos, decassílabos, undecassílabos, alexandrinos clássicos, modernos, além de polissílabos desqualificados com as mais variadas tonicidades...

Tudo isso em apenas catorze versos... É isso um soneto?

Minutos antes de redigir esta crônica, acho que consegui acabar de refazer o soneto...

O trabalho, se não uma obra de arte literária, foi-me muito produtivo...

Encontrei meu ábaco e minha trena que tive que usar para contar as sílabas...

Tirei o pó da Novíssima Gramática do Domingos Pascoal Cegalla para lembrar-me o que era um decassílabo e sílabas tônicas...

Não podia dar bandeira e dizer que não sabia...

Enfim, agora estou mais tranqüilo...

Depois de uma noite inteira, terminei o novo soneto...

Novo mesmo, porque foi quase que totalmente reconstruído...

Rimas modificadas... Métricas acertadas...

Uma trabalheira...

Entendi porque os poetas gostam da noite e ficam cantando para as estrelas...

Porque não dormem até terminarem sua obra...

Vou me tornar um poeta de versos livres...

Um escritor néo romântico surrealista minimalista mal compreendido pela mídia...

É mais fácil que fazer lindos sonetos perfeitos, que poucos percebem a qualidade...

Ainda mais soneto em dueto...

Ih! Rimou?...

Tento de novo?

Alguém se arrisca?

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http://apostolosdepedro.blogspot.com

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 26/03/2008
Reeditado em 26/03/2008
Código do texto: T917098
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