Alunos Reclamam Espaço para Diálogo

Por: Maria de Lurdes Mattos Dantas Barbosa

Coordenação de Campus da Universidade do Estado da Bahia Campus IV- Jacobina - DCE

e Tânia D. Flores

Aluna

A Universidade do Estado da Bahia, UNEB vive constantemente sob ameaça de greves. Este ano, mais uma vez, a paralisação de docentes no último dia 31, surpreendeu os alunos que desconheciam os motivos de tal atitude, visto que não foram notificados sobre a mesma e muito menos, sobre as suas causas. Apenas posteriormente, através dos Das (Diretórios Acadêmicos), soube-se que os professores paralisaram em protesto contra a Reforma da Previdência.

A apreensão dos alunos, entretanto, é grande por conta da convocação para indicativo de greve por parte da ADUNEB - Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia, para o dia 15 de agosto em Salvador.

A Coordenação de Campus, recém eleita, convida todos os segmentos que compõem o Departamento – Direção, Colegiados, Núcleos de Estudos, docentes, discentes e funcionários - assim como representantes da sociedade local – sindicatos, partidos políticos, advogados, etc - para que possamos construir um espaço de diálogo e discussão, como requer toda sociedade democrática, para o debate de um dos principais motivos para uma possível greve – A Reforma Previdenciária.

Toda a sociedade, neste momento, discute esta questão. Os professores da UNEB _ Campus IV-, entretanto, não buscam o diálogo e a discussão com os alunos, porém querem impor uma e sua visão acerca do problema, não levando em conta a situação dos estudantes que, na sua grande maioria, são oriundos de outras cidades, onde trabalham e arcam com um alto custo de transporte e alimentação para cursarem uma universidade, além de enfrentarem os perigos das estradas que, como é de conhecimento geral, estão em estado lastimável.

Desta forma, fica evidente a autoritária relação de poder que os professores estabelecem com os alunos, utilizando-os como instrumento de barganha com o Estado, sem, aos menos, consultá-los ou informá-los sobre os motivos que movem este tipo de ação. A unilateralidade de prioridades é mais uma demonstração da suposta supremacia de uma classe que se acha no direito de suplantar as prioridades do “outro”. (no caso, dos alunos)

Na verdade, não nos opomos ao direito de greve, o que os alunos reivindicam é o diálogo, a discussão, o jogo aberto, a busca de soluções através da participação para a construção da história, como sujeitos ativos, informados e conscientes do seu papel na sociedade, e não apenas como meros passivos observadores dos acontecimentos sociais e históricos.

Façamos agora a nossa história e que ela seja uma lição de democracia!

Texto elaborado em 2003.