COMPORTAMENTOS & PESSOAS

Todos nós naturalmente temos o desejo de entender. Que frequentemente tem o nome de curiosidade. Mas, é claro que isso só aparece quando a inteligência é espicaçada pelo “assombro” de tudo que nos é apresentado. Se isso não ocorre então hibernamos, entramos num processo de cegueira mental, onde nada nos possibilita a um novo conhecimento, a uma nova experiência, a um novo descobrir e nos fechamos no que definimos como sendo nossas convicções. John Kennedy disse: “O conformismo é o carcereiro da liberdade, o inimigo do crescimento”.

Convicção é a crença de estar, em algum ponto do conhecimento, na posse da verdade incondicionada. Mas não existem verdades incondicionadas.

É muito comum ouvirmos alguém dizer de uma outra pessoa: Quando ela diz que “pau” é “pedra” e ninguém a convence do contrario, pressupondo uma contestação pouco inteligente, onde o que se torna visível é uma enorme teimosia, intolerância, e uma total ausência da “curiosidade” do conhecimento, do que transcende à sua idéia de lógica e razão.

Quando formulamos pesquisas e estudos trazemos a possibilidade de novas experiências, novas noções de procedimentos, novas formas de desenvolver e entender o que nos “assombra”, mas, ocorre frequentemente que pegamos esse conhecimento adquirido e, processarmos a nossa realidade de vida, ao contexto e conteúdo do nosso “eu” e, externamos conceitos, recheados de lógicas e razão, acrescido da reserva do saber que já habitava em nosso ser.

A primeira tarefa do conhecimento é “aprender a ver o mundo” Cecília Meireles dizia de sua avo – que foi quem a educou: “seu corpo era um espelho pensante do universo”

E, aos pesquisadores, educadores, cientistas e observadores eles, têm que ter “um corpo cheio de mundos”. O que a analise psíquica, a observação dos comportamentos humanos faz, é psicoadaptar os registro de vida da pessoa observada pelo observador, derivando conceitos técnicos, elaborados que reportam e remetem aos resultados dos “tratados analíticos” à pessoa observada.

Ver bem é uma experiência mística e sagrada. Há um paralelo linear nessa configuração. As considerações analíticas do comportamento humano, muito embora sejam gerados por uma pessoa, dentro de uma formatação psicossomática é a de que esses estudos são do comportamento apenas, e não da pessoa, e sim das variações da personalidade. Mas não inside aí um contra senso? Existe comportamento sem autor? Sem uma pessoa que os externe? Então vejamos: o que formula e o que agrega essas variações à personalidade não são o conjunto de comportamentos de períodos diversos de uma pessoa no construir da sua historia? Eu Jorge Britto nas etapas da minha vida tive comportamentos diversos, naturais de cada fase da própria idade, como hoje tenho comportamentos que seguramente são diferentes, mas que trazem singularidade da minha personalidade e que de forma analítica poderiam ser definidos como, patológicos, psocoadaptação, ou sublimação, esses comportamentos poderiam ser analisados se não existisse a pessoa Jorge Britto? Essas considerações resultantes do estudo do comportamento e suas definições seriam atribuídas a quem? Não seriam a Jorge Britto?

As variações do comportamento é que são mutáveis caracterizados pelo momento vivido, mas a personalidade, pessoa ela permanece continua a existir. O estudo processado do comportamento e suas variações são resultantes da existência de uma pessoa. Portanto podemos até separar comportamento e autor, mas, ambos são inalienavelmente únicos. Você pode separar o joio do trigo, e dá um destino diferente a cada um deles, mas você faria isso com comportamento e pessoa?

Quando passamos do descobrir do “assombro” das coisas para o desejo de pensar, formular conceitos passamos do visível para o invisível.

Compreender é ver o invisível. Foi assim que nasceram as ciências. Copérnico e a descoberta dos céus estrelados, mais tarde a compreensão matemática (invisível) do movimento das estrelas. Darwin a descoberta da variedade de espécies vegetais e animais, depois a compreensão invisível da sua origem. Assim como subjetiva é a analise do comportamento e visível é o seu autor. Não foi pela analise do comportamento de pessoas na historia da humanidade que foram definidos como gênios, heróis e loucos?

Seria muito mais interessante a “educação” ensinar menos matemática, física, química e muito mais a arte de pensar, isso possibilitaria ás pessoas espicaçarem a inteligência e enxergar mais os “assombro” das coisas da vida, quem sabe conceituando diferentemente a felicidade. Schopenhauer afirmava que “jamais deveríamos fundamentar a nossa felicidade pela cabeça dos outros” e, quem gravita em torno da opinião dos que o cercam, está condenado ao ostracismo e ao completo isolamento social.

Então analíticos, pesquisadores e observadores, muito embora todos venham do vasto campo do conhecimento humano, mas, há sempre um espaço vazio, para um ver e pensar sobre construir novas janelas inconscientes, que podem sim dar uma nova cor à emoção.

Não vale o que somos, mas sim o que conseguimos provar que não somos... (A.C.)

JORGE BRITTO
Enviado por JORGE BRITTO em 20/02/2008
Código do texto: T867179
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