O Tempo Fechou no Rio Grande do Sul

O desmatamento e as queimadas não são fatos novos, sempre existiram. Começou com a descoberta do fogo. Tempos atrás pequenas áreas eram abertas para o plantio, construção de cabanas. Em seguida estas áreas foram ampliadas para a construção de casas, as sedes das fazendas e casas para os agregados, currais e o plantio de capim, para o gado e produção agrícola, entre outras demandas. As ferramentas utilizadas eram foices, machados, gurpiões, serrotes.

Depois vieram as motosserras e a tecnologia, que facilita o trabalho é a mesma que aumenta a devastação. Florestas inteiras vieram abaixo numa velocidade feroz.

Assim como o machado deu lugar à motosserra, máquinas enormes cortam troncos e os colocam em caminhões, rumo às serrarias. Camas, armários, cadeiras, bancos e até obras de arte são feitas para atender ao mercado consumidor. No município de Prados, Minas Gerais, troncos são esculpidos e viram leões, tigres, entre outras espécies de nossa fauna.

O que isso tem a ver com as enchentes do Rio Grande?

A lógica do sistema capitalista-neoliberal é o lucro. O sistema vai engolindo tudo: madeiras, minérios, água, entre outros recursos naturais. Nós, consumidores, queremos mais e a indústria vende mais. O sistema avança, para obter mais lucro, em constante expansão. A natureza não dá conta e reage.

Morros e encostas ficam sem a sua proteção natural. E dão seus lugares às casas, viadutos, estradas, pontes. A mata ciliar, que protege o curso de rios e córregos é agredida. A legislação ambiental é alterada, para a boiada passar.

Não é apenas no Rio Grande do Sul, que eventos climáticos produzem estragos. . Quem não se lembra da lama e dos mortos de Brumadinho?

VALE

A Vale

outrora do Rio Doce

era nossa.

Hoje só vale

promessa nos comerciais.

Vale,

vala comum

de lucros colossais.

Vale,

vela volátil

valha-me Deus,

muitas velas para poucos uns

breu e bruma para muitos alguns.

Vale,

verso versátil...

não vale a pena verso

para vale adverso

valeria se vale fosse

do Rio Doce.

Fosse nossa

não seria vale de lágrimas.

Vale cada vez mais

verde covarde

amarelo sangue_

suga os recursos naturais.

Ecoam em nossos ouvidos o rompimento da barragem de Mariana. Mal tivemos tempo de nos recuperarmos das enchentes de Petrópolis, nos deparamos com a tragédia no Rio Grande do Sul. Na realidade, não fomos surpreendidos. A natureza vem dando sinais.

O que fazer?