Destruição e renovação

As grandes catástrofes naturais como a que infelizmente assola o estado do Rio Grande do Sul costumam despertar, felizmente, um sentimento de solidariedade coletiva, afinal nenhuma região do globo terrestre está livre dos chamados flagelos naturais.

Só o esforço conjunto de voluntários, doadores dos mais variados itens, governos e até mesmo de outros Estados, são capazes, por meio de ações diretas e indiretas, de amenizar a curto prazo os efeitos desses desastres e de promover a reconstrução das regiões e localidades afetadas a médio e longo prazo.

Para além das pessoas que culpam o aquecimento global e o crescimento urbano desordenado por estas tragédias existe um grupo, acredito não pouco numeroso, que olha instintivamente para o céu e faz o seguinte questionamento: “onde estaria Deus que não evitou essa tragédia?”

Tal questionamento é compreensível, não constituindo nenhuma blasfêmia contra o Criador, no entanto, revela a falta de conhecimento das leis Divinas. O universo é regido por leis imutáveis, apropriadas ao grau de adiantamento de cada mundo, assim temos conforme o estudo de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, a Lei do amor, Lei de sociedade, Lei de justiça e igualdade, Lei de reprodução, Lei do progresso e do trabalho, Lei de liberdade, Lei de conservação, Lei de destruição e outras.

No ano 79 d.C. uma erupção do vulcão Vesúvio destruiu as cidades de Pompeia e Herculano. A devastadora erupção deixou as cidades soterradas por uma espessa camada de cinzas e detritos vulcânicos.

Em 26 de dezembro de 2004, um terremoto de magnitude 9,1 no Oceano Pacífico desencadeou um enorme tsunami que matou mais de 230 mil pessoas ao longo das costas de 14 países do Sudeste Asiático.

Devido à complexa rede de falhas tectônicas na região, cientistas têm alertado sobre a possibilidade de um grande terremoto na Califórnia, chamado algumas vezes de “The Big One”.

Mesmo o nosso Sol, que parece inabalável, segundo os cientistas morrerá em aproximadamente cinco bilhões de anos. Se ele não engolir a Terra durante esse processo, sem atmosfera e com toda água evaporada, o planeta ficará inabitável. Assim como nós, as estrelas nascem, desenvolvem-se e por fim, morrem ou se esgotam. Mas relaxe, ainda vamos passar por um bocado de situações antes do grand finale.

De acordo com o ensino dos Espíritos a Lei de destruição tem o objetivo de promover a transformação e o aprimoramento dos seres, mesmo quando essa destruição é fruto da negligência do homem para com a natureza. Além disso os mundos devem progredir fisicamente até cumprirem a finalidade para o qual foram criados. A Lei de conservação tem por objetivo evitar que algo seja destruído antes do tempo apropriado, pois isso prejudicaria o progresso dos seres e dos mundos.

Quando, por exemplo, um caçador abate um animal qualquer não com o propósito de saciar sua fome ou de sua família, mas apenas para satisfazer o seu doentio prazer, trata-se nesse caso de uma destruição abusiva.

Os desígnios do Criador são sempre justos e sábios, cabendo ao homem abandonar o seu tolo orgulho e a ociosidade mental para buscar compreendê-los.

A Lei de destruição só alcança os corpos (o envoltório do Espírito) e os cenários transitórios por onde o Espírito habita por algum tempo.

Deus é amor e eternidade e assim como o Pai, somos feitos para o amor, pela eternidade. Não seremos destruídos.

Quanto ao tipo de destruição natural que normalmente ocorre em nosso país, é triste constatar que o Brasil não costuma tirar lições das suas tragédias. No caso das enchentes seria desejável que houvesse um melhor trabalho preventivo por parte do poder público fazendo a dragagem e limpeza frequente de rios e córregos para evitar o assoreamento.

A dimensão da tragédia no Rio Grande do Sul ainda não pode ser calculada pelas autoridades do estado.

O Rio Grande do Sul, dos nossos irmãos gaúchos e de todos nós, os brasileiros, renascerá, superando a tragédia. Unidos reconstruiremos o estado, fazendo dele uma região ainda mais bela e próspera.

ver o Livro dos Espíritos de Allan Kardec. LIVRO TERCEIRO: LEIS MORAIS