bem me quer… mal me quer

A maçaneta da porta desistiu de cumprir seu dever, eu estava aprisionado, paralelamente, meu celular era como uma rádio tocando as melhores do Odair José no sofá da sala. Eu me ancorei pela sacada e tenho impressão que a tela me impediu de estar escrevendo esse texto a sete palmos. A janela do quarto ao lado, minha única saída desse pesadelo, se encontrava fechada. Eu era um cubo de gelo no meio de uma frigideira, foi quando percebi que ninguém viria me salvar até o dia cair. Tomei uma decisão, forcei a janela, consequentemente me salvando de passar horas e horas em um “episódio de garrafa”.

Nisso, eu já poderia ir de encontro a ela e contar sobre a situação, agora cômica - antes trágica - que me abateu. Quando os braços dela me conduziram até a praia, o azar já não poderia competir com a sorte, é uma disputa injusta até mesmo para a lebre e a tartaruga. Posso dizer que diante do jardim que me cercou em forma de mulher, os ônibus descem pela periferia e atingem o mar, é uma catarse que transforma um transporte público em um submarino, os coqueiros são as velas em nosso jantar e todas as margaridas no caminho arrancavam suas pétalas em um jogo de bem me quer… mal me quer.