O Relicário de Santa Teresinha em Butiá

Era pouco mais de meio-dia de uma quarta-feira muito quente e ensolarada quando o Relicário de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face chegou ontem, no veículo conduzido por membros da Ordem dos Carmelitas Descalços - escoltado pela Polícia Civil - e acompanhado pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre Dom Odair Miguel Gonçalves dos Santos, à Paróquia Santa Teresinha, em Butiá, onde foi recebido pelo pároco local, padre Santiago Carrion.

As pessoas ali presentes se emocionaram e jogaram pétalas de rosas sobre o relicário enquanto este era conduzido até o altar. Bom, a pequena e determinada menina francesa que foi diretamente ao papa solicitar a entrada ainda adolescente na Ordem das Carmelitas Descalças, virou freira e, pouco antes de falecer aos 24 anos de tuberculose na comunidade carmelita da cidade de Lisieux, França, disse que após a sua morte faria descer uma chuva de pétalas de rosas do céu - metáfora para graças aos pedidos feitos a Deus pelas pessoas. E, como podemos constatar, isso realmente ocorre: os fiéis e devotos o fazem, sempre, quando se trata de Santa Teresinha.

Dom Odair Miguel, que ministrou a missa, em sua homilia destacou também que, mesmo sem ter saído de Lisieux, Santa Teresinha desejava viajar pelo mundo pregando o Evangelho, o que igualmente ocorreu após sua morte, seja com seu livro póstumo A história de uma alma (1898) ou agora, com suas relíquias. Assim ela veio até Butiá, muito por insistência do padre Santiago, como ressaltou o representante da Ordem Carmelita em sua fala. De fato, tanto as rosas quanto a viagem missionária pelo mundo transcenderam o tempo o espaço da vida terrena, em se tratando de Santa Teresinha

O pequeno caminho. Essa mensageira divina, em sua passagem pela Terra, transmitiu o recado de que no cotidiano o que é santo também acontece e precisa acontecer, durante as pequenas coisas de cada dia. Isso é algo muito importante e que frutificou pelo planeta nos últimos 127 anos, após o falecimento de Santa Teresinha. Podemos pensar, tomando isso por base, que o homem é o milagre. Aliás, é a morte e o milagre, eis que ambos acontecem por seu intermédio, ou seja, o homem, mesmo não se dando conta disso, é tanto o instrumento de Deus aqui, por onde Ele opera o milagre, quanto o seu oposto. E esse milagre, ainda tomando por base o pequeno caminho para a reflexão, é também cada pequeno milagre que podemos fazer a cada hora do dia, em amor e auxílio ao próximo, ajudando-o das mais diversas formas em momentos onde isso é necessário, ou seja, o amor é um ato contínuo a ser manifestado e corporificado amplamente dia a dia.

E é isso o que devemos fazer, seguindo o exemplo e o legado de Teresa de Lisieux. Não esqueçamos que a passagem por esse mundo é finita, como nos demonstraram insofismavelmente as relíquias em Butiá: chegará o dia em que nos pedirão um favor e não teremos força para fazer; chegará o dia em que nos pedirão algo e não o teremos para dar; e, finalmente, chegará o dia em que não estaremos mais fisicamente aqui para receber pedido algum. Aproveitemos para o realizar o bem enquanto ainda nos é possível, enquanto o podemos fazer pelo outro e por nós mesmos, enquanto temos a oportunidade da vida.