Caio Fábio, um pastor

 

Com a polarização política atual envolvendo também, em boa parte, a adesão majoritária de setores religiosos de matiz evangélica à extrema-direita, uma fobia a este grupo religioso iniciou. Aliás, a polarização tem por característica demonizar tudo o que se relaciona ao outro lado. No caso, os evangélicos são colocados todos no mesmo saco como se fossem uma coisa só, um bloco monolítico.

 

Em primeiro lugar, as pessoas e os grupos sociais tem o direito a ter opções políticas majoritárias, desde que as mesmas não firam a Constituição Federal e o Estado Democrático de Direito. As pessoas podem discordar e criticar tais opções, mas nunca o direito de optar. Para coexistirmos é necessário o respeito que o filósofo Bertrand Russell falou em Mensagem para o futuro, vídeo que viralizou na internet anos atrás. Em segundo lugar, os evangélicos, longe do bloco monolítico, são uma imensa colcha de retalhos onde cabe todo o tipo de concepção teológica, filosófica ou política. Não é possível dar conta dela nessa crônica, mas ter, pelo menos, a noção desta realidade é mister para quem busque, num entendimento semelhante ao da ação comunicativa proposta pelo sociólogo alemão Habermas, a coexistência fraterna acima mencionada, o que significa abandonar uma visão tanto maniqueísta quanto simplista em relação a esse importante e significativo grupo religioso brasileiro.

 

Como o título sugere, trago como exemplo um pastor específico, que é dissidente do que muita gente pensa que seja a visão deste grupo como um todo. Caio Fábio, 68 anos (fará 69 dia 15 de março), pastor de origem presbiteriana nascido em Manaus e radicado em Brasília, atua há 51 anos na vida religiosa, sendo 21 destes como líder do movimento Caminho da Graça, quando abandonou o protestantismo institucionalizado, seguindo um rumo teológico próprio, cristão e crítico, utilizando as redes sociais para sua pregação. A propósito, trago dois breves vídeos para os interessados em travar conhecimento com o ponto de vista de Caio Fábio.

 

No primeiro, O que era amor para Jesus?, há coisas muito interessantes como "aquele que odeia não conhece a Deus, não vem de Deus e não nasceu de Deus", pois "aquele que nasceu de Deus ama o seu próximo, perdoa o seu próximo, porque Deus é amor". No segundo, As complexidades nas religiões, ele justamente faz um apanhado sobre as diferentes concepções no meio evangélico e ressalta que, conforme o Censo de 2014, os cristãos sem religião, cerca de 14 milhões, a maioria de ex evangélicos, conformam a segunda maior denominação religiosa do grupo, atrás apenas da Assembleia de Deus.

 

Um dos pontos positivos das redes sociais é esse, o de podermos conhecer a visão de diferentes e representativos sujeitos dos mais diferentes grupos sociais, o que nos permite sair de uma visão reduzida sobre os mesmos, o que gera preconceito em vez de conhecimento verdadeiro.

 

Uma boa semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.