COMIDA DE BACHAREL
Morava em Londrina, em plena época do “boom” do ouro verde, Cidade de muito progresso.
Na tenra idade e inocência da infância fazia traquinagens próprias dos cinco ou seis anos.
Casa de fundos, de madeira, bastante modesta, com a famosa “casinha” no quintal. Banho? Em uma bacia de zinco.
Em compensação, um terreno enorme para brincar. Mangueiras, abacateiros, mamoeiros, muitas árvores para subir. E um cachorrinho amoroso chamado “Bacharel”. Precisava de algo mais para ser uma criança feliz?
O almoço do Bacharel, servido em uma latinha de goiabada daquelas redondas (será que ainda existem?), constituía-se em arroz, feijão e um molho de carne por cima.
Eu, encarregado de levar ao cãozinho sua comida, ia beliscando e tirando pequenas porções, pouca coisa, não chegava a fazer falta ao cachorro.
Que delícia! Que comida boa, apetitosa, irresistível.
Não tinha dúvidas. Na minha vez eu dizia para minha mãe:
- Mãe, quero comida igual a do Bacharel.
Ela não sabia o motivo de minha predileção pela comida da latinha de goiabada.
Hoje, tantos anos depois, ainda lembro do sabor da comida do bacharel.
Hum, me deu água na boca.