Bilhete

É tão difícil ser. Pensando em fazer uma coisa: Abrir o Instagram e colocar a cargo dos outros, as menores instâncias da minha vida. Vou lá, abro uma enquete: "O que devo comer hoje?", "Pelo que eu devo lutar?", "O que devo sentir?" "por qual fragmento do meu passado preciso chorar hoje?".

Alguém pra ver por mim, pensar por mim, ser por mim. Deve ser tão mais fácil

Mas ando feliz com uma coisa: Frustração. Nunca aprendi tanto, nunca fui tanto quanto quando erro, e não tenho o meu objeto de desejo, quando não tenho o que quero. Me deixa ver bastante o outro como um universo sozinho, que não precisa de mim. Mata a parte de mim que quer sempre ser pra alguém, mata a imagem de mim que criei. Isso é bom.

Mas não posso deixar as pessoas saberem disso, não posso deixar nem que eu eu saiba disso,

vai que,

sei lá,

vicia.

Estava fuçando as coisas velhas da casa da minha mãe e achei uma cartinha, um bilhetinho. Amassado, letra de criança, meio garranchosa, pouco inteligível... tivesse como por imagens aqui colocaria, mas vou redigir.

É da minha irmã para minha mãe, ela devia ter uns dez ou onze, é uma das coisas mais lindas que jamais escrevi.

Começa com essa frase

"Você é uma super mãe!!!"

A parte seguinte está dentro de um coração.

"Mãe eu te amo

Eu adoro vc

Gosto muito de vc

Mãe eu te amo do

Fundo do meu coração

Beijos."

No verso da folha:

"Você e a meta da

minha vida você é a razão do meu viver

Eu te amo muito você e uma princesa

Se não fosse você eu não existiria

Vc é a metade do meu coração

Eu te amo muito"

É mesmo lindo um amor filho(a)-Mãe, sem fim.

É uma das minhas frustrações, e com ela também, eu aprendo: Perceber que esse tempo talvez nunca volte. Queria poder amar em pedaços mais simples como os dessas frases.

Queria saber onde está a metade do meu coração, já seria um começo.