As lembranças e o salto tecnológico

 

“Quanto mais envelhecemos maiores lembranças dos tempos de outrora teremos...”

 

       Escutei esta frase faz algum tempo, não me lembro onde ou lugar, talvez tenha sido no canal: History Chanel na série “Caçadores de Relíquias” ... Na verdade quando escutei, pus-me a pensar e realmente traz-nos lógica e constatação.

 

       Talvez seja pelo fato que nos aproximamos da morte e inconsciente tentamos acender o maior número de velas (lembranças) na tentativa de usufruirmos o nosso último período da melhor maneira possível e iluminados. 

 

       Quando as rugas são evidentes, dores aqui e acolá, alguns problemas de saúde nos dizendo que veio para ficar, tudo nos parece normal podendo-se constatar; com meus botões que se trata de uma “inconsciência lógica”, a fim de protelar como um conta-gotas o tempo restante do nosso fluído vital.

 

       Mas trago boas notícias caríssimos, se nascestes nos meados da década de (50) cinquenta para mais e menos do século passado, pode considerar-se uma pessoa rica, feliz e privilegiada por ter nascido no período pós-guerra e o de viver uma infância saudável, tanto pelas brincadeiras vividas, educação escolar, valores repassados pelos pais e de principalmente: vivermos entremeados entre os dois séculos.

 

“Era o período dos orelhões com fichas de telefonia e observávamos a fila dos usuários sentados na calçada na rua que morávamos, divertíamos (colegas) com tudo, desde a mocinha que namorava segurando nas mãos (2) duas cartelas de fichas, quanto as reclamações de quem queria ser breve para repassar algum recado, as discussões e brigas eram inevitáveis”.

 

       Imaginávamos como seria o futuro não muito distante, empolgados com o filme recém-lançado: “Star Wars” - Guerra nas Estrelas, diante de toda ficção apresentada.

 

       Os “walkmans” com seus fones de ouvidos era a novidade, conectando rádios, tocando fitas K7’s quem os tinha usufruía da sensação do momento, então; queimávamos neurônios na tentativa de imaginar como seria uma pessoa da época atual carregando um rádio, televisão, telefone, máquina fotográfica, calculadora, pois; era a noção que tínhamos do computador, pois; computava contas,  (tudo ao mesmo tempo?) sendo esta imaginação digna das melhores charges, de um sujeito enroscado por fios diversos, sobrecarregado de pesos e aflições.

 

       Ora, ora! E na virada do século já familiarizados com computadores, softwares e toda linguagem análoga e paralela que os acompanham, como: salvar, baixar, descartar, janelas abertas e fechadas, e-mails, entradas e saídas, guias, vírus, lixeiras de tão difícil assimilação para alguns, enquanto fáceis e empolgantes para outros.

 

       A questão era de que todo conhecimento seria perdido com a virada de 1999 para 2000, computadores travados, dados perdidos, sem dizer a expectativa que o “fim do mundo” estava batendo em nossas portas.

 

       Ora, ora! Passamos por isto e não acabou o mundo nem os dados foram perdidos, atualmente demos às contas para a antiga “secretaria eletrônica” e as “Alexas” tomaram seus lugares, conectadas com eletrodomésticos de algumas residências, liga e desliga, troca de canais televisores, procura rádios, faz pesquisas no Google, Youtube, reduz e aumenta volumes, temperaturas de ares-condicionados, tudo ao comando de sua voz, virando também companhia de alguns idosos como dona Anna.

(...)

 

O que acha do novo namorado da vizinha Alexa?

_Não sei responder esta pergunta senhora.

E a terceira gravidez da filha da Rosalina, com tantos recursos hoje em dia, camisinhas gratuitas nos postos de saúde, injeções, pílulas do dia seguinte, mesmo assim engravidam depois querem abortar, isto é des-lei-xo falta de amor próprio não é verdade Alexa?

_Não estou programada para isto senhora.

Ora Alexa o melhor você não faz! Coloca uma música do Roberto Carlos então...

_Sim Senhora.

 

       Noutra situação Alexa sussurra e passa cola da lição de casa de um garoto.

(...)

 

Junior! Não vai jogar videogame enquanto não terminar a lição de casa.

Alexa me ajuda por favor (sussurra júnior) quanto é 220X3?

Alexa abaixa a tonalidade de voz e sussurra?!!!...

_A reposta é = 660. (sussurra).

E 440:4? (júnior) = 110 (sussurra Alexa) E 10% de R$100,00? = 10,00 (sussurra).

_Pronto! Terminei mamãe

Está muito rápido Junior depois vou conferir.

_Tudo bem mamãe!

 

       Os fast clean’s é uma série de robôs que aspiram pó, lavam louças, entre outras funções. 

 

       Mas os sonhos de consumo e campeões de vendas são os smartfones, cada vez mais inteligentes, com novas funções, tornando-se uma extensão do corpo humano, pois; a vida do individuo está inserida nele, fotos, redes sociais, doctos, contas bancárias, transações financeiras e uma infinidade de outras funções, que se perdido ou roubado fazem um estrago na vida da pessoa, como se amputasse-lhes uma parte do corpo, (dependência) mas que nós do século passado conseguimos sobreviver sem eles.

 

       Então; desvendada à resposta dos meninos do século atrás, percebemos que as tecnologias associadas se resumiram numa plaquinha via satélite conectada a internet, bluetooth e wifis, com uma série de aplicativos que melhor atenda a preferência de cada usuário.

 

       Na verdade, lembro-me de uma citação: “Estou no mundo, mas não sou do mundo” - João 17:14. – Traduzindo que troco toda comodidade presente e futura pelo século de nascença, porque quando voo para lá sinto a liberdade no rosto e o gosto da felicidade vivida e jamais esquecida, perpetuada nas lembranças que sustentam minha existência.

 

       Parabéns! Sintam-se privilegiados por nascerem no século passado, vivemos (2) duas experiências usufruímos a melhor parte de nossas vidas, disto não tenhamos dúvidas, sabendo-se sempre para onde retornar.




 

Maurício de Oliveira
Enviado por Maurício de Oliveira em 15/01/2024
Reeditado em 17/01/2024
Código do texto: T7977196
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.