DESENCONTRO DE AMOR
Sou engenheiro civil e sempre procurei lojas que vendessem bons materiais pelo melhor preço. Sempre deixei claro que o importante não é o menor preço, pois ele às vezes nos leva a materiais de qualidade inferior. Assim o importante é procurar um material de boa qualidade e comparar o preço daquele mesmo material em diversas lojas até encontrar o melhor preço. Resumindo, busca-se sempre a melhor relação custo/benefício.
Assim nas minhas buscas encontrei uma loja que frequentemente oferecia bons materiais a preços convidativos e lá comecei amiúde a adquirir meus materiais de construção. O corre que nessa época meu relacionamento conjugal, como sói acontecer nas melhores famílias, não ia lá muito bem e comecei a olhar de modo diferente para algumas das vendedoras, que, diga-se de passagem, atendiam-me muito bem, no sentido profissional.
Uma delas, muito ativa e competente chamava minha atenção pelas suas panturrilhas perfeitamente torneadas, quando subia as escadas para pegar materiais depositados nos armários mais altos. Sempre gostava de comprar com ela, embora sentisse uma relutância de sua parte, pois já havia notado que meu interesse não era só exclusivamente comercial. Assim nossa amizade foi crescendo e após um ano de compras frequentes já tínhamos uma convivência fraterna. Não sabia se era amor, mas o fato é que conheci seus pais, soube que para ter uma melhor condição financeira ela tinha deixado de estudar no primeiro grau, embora não demonstrasse falta de conhecimento, e que a vida havia lhe contemplado com alguma desilusão amorosa.
Nessa época eu já havia concluído meu curso de pós-graduação e ocupava uma boa posição na universidade onde trabalhava. Assim nada indicava que pudesse haver uma relação mais sólida entre nós. Nossa diferença de idade, eu 52 e ela 23, a diferença de formação, nunca indicaria que aquele relacionamento surgido depois de um ano de amizade, com toda a possibilidade de ser um amor desencontrado poderia se transformar no que é hoje.
Não cabe aqui contar muito mais de nossa história, pois a intenção é somente esclarecer o “Desencontro de Amor”, primeira música que fiz tendo a “minha preta” como musa. Hoje ela é formada, com uma pós-graduação lato sensu em administração hospitalar e tem exercido cargos de chefia importantes na área onde se especializou.
DESENCONTRO DE AMOR
(Almir Morisson)
Eu te encontrei pela vida
Sem mesmo saber por que
Os nossos rumos cruzaram
Como o sol da tarde
Chegando no mar
Nossos amores perdidos,
Nossos corações partidos,
Sempre tentando juntar
O escuro da noite
Com a luz da manhã
Dois seres distintos e iguais
Nós somos a areia e o mar
Mesmo tão diferentes
Sempre a se beijar
E enquanto a vida vai indo
Juntos nós vamos seguindo
Num desencontro de amor
Até quando Deus quiser.
10/11/94 - Letra
15/11/94 - Música
Agora, eu com 80 e ela com 51, casados, com duas filhas e depois de fazer muitas outras músicas inspirado nela, seguimos nossas vidas juntos até quando Deus quiser.
Tenho certeza de que foi amor e de que não foi desencontrado.