O “Amante Duplo” e o filme que eu “escrevi”.

Eu passei a virada fazendo o que sei: assistindo filmes. Dessa vez, escolhi "O Amante Duplo", do polêmico diretor francês François Ozon. Logo no início, o filme mostra a que veio ao exibir um exame ginecológico, que, embora eu não seja entendido na área, pareceu real. Além disso, há outras cenas de sexo, incluindo uma com sangue. Será uma tendência e eu que estou por fora? Recentemente, critiquei "Saltburn" por usar nudez e imagens fortes apenas para causar polêmica, e "Amante Duplo" me causou a mesma impressão. Ao contrário de outro filme polêmico de Ozon, "Jovem e Bela", no qual as cenas de sexo eram fundamentais para a história, parece que Ozon talvez use o sexo para disfarçar o vazio de seus filmes, como ocorre em "O Amante Duplo", que considero apenas razoável. Ou talvez eu que não tenha entendido a complexidade do filme. Também considero essa hipótese.

A história narra os problemas psicológicos de Cloe, levando-a a procurar o psicólogo Paul, um sujeito de poucas palavras e introspectivo, que mais escuta do que fala. Não demora muito para Cloe se apaixonar por ele, e eles vão morar juntos, criando uma reciprocidade amorosa. Isso me faz questionar: será possível um terapeuta se apaixonar por uma paciente e vice-versa? No meu caso, acharia possível uma psicóloga se apaixonar por mim, mas não o contrário. Mas divago…

No entanto, Paul é reservado sobre suas origens. Em certo dia, Cloe vê um homem muito parecido com ele, suspeita de traição, mas Paul desconversa. Insatisfeita com a resposta, Cloe investiga e descobre outro consultório, atendido por um homem idêntico chamado Louis. Cloe decide se tratar com ele, revelando que são gêmeos espelhos, opostos um ao outro. Ele é dominador, agressivo, e fala mais que escuta. Cloe sente atração sexual por Louis, se soltando mais sexualmente com ele, mas vive uma dicotomia de sentimentos, pensando em um quando está com o outro. O final da história não vou contar, caso você que me lê tenha ficado interessado em ver o desfecho. Quem sabe, ao assistir, possa me explicar o final, que ficou acima da minha compreensão.

Falando sobre minha própria experiência, há certo tempo atrás, comecei a escrever um filme baseado na história de um ex-amigo, com quem não tenho mais contato há tempos. A trama envolveria um vendedor de bebidas em bailes funk de periferia (os famigerados “fluxos”), com um triângulo amoroso e um assassinato no final igual em Chinatown. Sim, eu pensei só no começo e no final do filme.

A estética seria algo entre Gaspar Noé ou Harmony Korine, em “Kids”, explorando música funk, sexo e consumo de bebidas e drogas. Seria uma ideia comercial, não?

É engraçado como a criação artística reflete nossas fases. Hoje, se tivesse a capacidade, gostaria de fazer um filme casto e divertido, com classificação para quase todas as idades, talvez uma comédia romântica à Woody Allen, ou algo como a saga de Antoine Doinel de Truffaut, ou ainda um romance poético como "O Demônio das Onze Horas" de Godard, ou a trilogia "Antes do Amanhecer" de Richard Linklater. Enfim…

Esses são só alguns devaneios de alguém sem talento para tal. Certamente, hoje em dia, não polemizaria apenas para esconder o vazio do filme, como parece ser o caso de "O Amante Duplo". Ou talvez eu que não tenha entendido a profundidade do filme. Me perdoem se assim for, e, o mais importante, me expliquem o final.

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 01/01/2024
Reeditado em 01/01/2024
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