Macbeth, o horizonte no meio, e a parte última do sonho.

Já sonhou daqueles com continuação? Sabe, aqueles sonhos que terminam e acabam em várias partes?

Foi assim hoje. Engraçado.

Mas não era sobre isso que ia escrever, ia falar sobre um filme. Aliás, não sou muito amigo da coisa de criticar, de analisar apontando uma falta, excesso, desvio.

Primeiro que é muito difícil ajuntar as coisas num negócio satisfatório,que dê conta de falar de tudo tudinho, segundo que eu mal sei falar de mim, imagine das coisas do outro.

Terceiro e ainda pior; o jeito com que eu vejo as coisas é ODIADO e recriminado, quase uma heresia cinéfila, um atentado aos juízes da experiência. Tenho medo até de escrever pra vocês, mas sim, eu vejo, eu vejo um filme em

vários,

longos,

muitos dias.

Lembro da vez que eu demorei uma semana pra ver "Jojo rabbit" ( até hoje não terminei.)

Por exemplo, esse que eu vi, "The Killer" do David Fincher, foi em dois dias. Assisti em duas partes (pode falar mal, vai, pode xingar aí embaixo kk) e o mais engraçado dessa história toda, o mais irônico, é que se você for no meu título de eleitor, vai encontrar no campo onde tem "profissão", o ofício de "CRÍTICO". Sério, não tô nem brincando. (mas isso é história pra outra crônica.)

"O assassino" é um filme fraquíssimo. Muito. Dividido em, pelo que eu lembro, seis partes.

E não é que tem algum erro nele, ou que fotografia é ruim, a produção é desleixada, não. Nada disso. É só que é um filme sem gosto. Um ok. Médio.

É o horizonte que o jovem Spielberg aprendeu com John Ford. "Numa imagem, posicione um horizonte em cima, em baixo, mas nunca no meio. O horizonte no meio é chato, não serve pra nada."

Esse filme é um horizonte no meio.

Nem o bonitão do Michael Fassbender salvou.

Lembro dele em Macbeth. Quando eu era mais novinho, a peça e também o filme, eram das minhas coisas favoritas.

"Macbeth se tornará barão e depois, rei. E os filhos de Banquo serão os próximos soberanos." É a profecia que Macbeth tenta, em vão, correr, contornar.

Lady Macbeth é uma mulher fortíssima, implacável.

Tenho medo da minha profecia ser uma dessas. Um sonho nunca acabante, quebrado, da evitação impossível.

Lembro que eu achava interessantíssimo cada vez que se confirmava algum ponto do que falavam as bruxas, quando ele nomeou-se barão, quando morre o rei Duncan e todo o resto.

Sempre gostei desses filmes de loop temporal, de "dia da marmota", adoro um romance tipo em "Questão de tempo", aliás, adoro um romance. Mas hoje me assombram muito o determinismo, a repetição, e pior, o desejo.

Espero que hoje a noite eu descanse,

durma e deite,

veja a parte última do sonho.