Mensagem

Antes do “eu te amo”, só ladeira acima. A vida é tão menos do que essa frase-sentimento. Amar alguém que não seja nossa mãe ou nosso pai deve ser a segunda coisa mais entorpecente do mundo, perdendo para as drogas sintéticas — claro. Não tenho pressa, não. Já ouvi, mas não tenho pressa de dizer. Sou muda. Meu órgão de escrever fala por mim. Queria ouvir de você, ler de você, saber de você. Por isso eu corro, atravesso um estado, me desfaço, me inebrio, me satisfaço de não momentos. Tudo isso dizendo muito pouco e fazendo quase nada. Meu amor é resoluto, silente e oculto. Disponível apenas para assinantes (um assinante). O lugar que há após isso é inabitado, quase uma lenda. Aliás, exatamente uma lenda. Mas creio que o meu eu que ama seja um eu espalhafatoso e quieto. Porque o amor é feito de escândalos, mas também canta baixinho. Tão baixo que só quem ama é capaz de escutar. Eu acho que tenho ouvido absoluto, meu corpo inteiro é como se fosse um. É inútil. Tem sido. Ainda bem que nada além do agora é pra já. E agora eu sou só devaneios. E se de minha realidade você não faz parte, da minha loucura você é o rei.