SOBRADINHO, O MAIOR BARATO!

Precisando tomar um pouco de inspiração, sentado no banco habitual da praça, dia desses, estava tatamurdeando com meus botões, quando visualizei um espigão de concreto que subia na mais movimentada avenida da Quadra Central.

Intrépido, já havia rompido a linha de superfície, como se estivesse tomando posição para tentar um namoro com a novíssima “Feira Modelo”, numa competição desmedida com o prédio remodelado do “Alvimar Hotel”.

A estrutura ainda não estava completa, mas as armações de ferro, que se projetavam para cima, indicavam a continuidade das colunas para além do sexto pavimento. Essa engenharia, pelo visto, estava a fim de se impor à dos demais prédios da cidade, talvez mirando-os, de cima para baixo, com um certo ar de desafio ou superioridade.

O antigo prédio do Serra Shopping, encolhido lá nos confins da esquina, parecia chorar suas mágoas diante da nova “Drogaria Santa Marta”, tendo como consolo as diversas lojas que abriga em seus movimentados três pavimentos.

Com essa visão concreta dei asas ao pensamento e esvoacei sobre os quatro cantos da cidade observando um pouco do que as pessoas apressadas, em seus automóveis, não podem ver. Foi, então, que pude constatar o quanto Sobradinho cresceu nesses oito anos em que tive a sorte de vir residir por aqui.

Pelas ruas e avenidas do Centro, dezenas de novos prédios de seis andares já se assenhorearam dos seus “Habite-se” e passaram a dar abrigo a um cem número de famílias e estabelecimentos laborais enriquecendo e diversificando, em muito, a vida dessa população crescente.

Espalhados pelos vários bairros da cidade vi a multiplicação de “Academias Comunitárias”, com diversos aparelhos para o exercício da Educação Física em várias das suas nuances. Todas novinhas, coloridas e, principalmente, de graça, para qualquer um...

Dentre os atletas pude identificar a presença significativa de idosos, de ambos os sexos, na faina de fortificar a “massa muscular”. Enquanto isso, crianças se esbaldavam em folguedos, com pais e adultos também envolvidos em atividades físicas saudáveis.

Pelos bairros nada fica a desejar nessa questão. Obras e mais obras mostram o crescimento da periferia com o aparecimento de residências e lojas, de todos os tipos, predominando sobrados ou pequenos prédios de dois pisos.

Um detalhe interessante, da atividade comercial, é a profusão de padarias por quase todas as ruas. São tantas que temos a impressão de que Sobradinho seja a cidade das padarias. A riqueza e diversidade dos seus produtos é tamanha que dificilmente poderíamos apontar, sem medo de errar, qual a que produz o melhor pão ou a melhor torta.

Particular atenção, no caso das padarias, é o hábito que se incorporou no “modus-vivendi” das pessoas que vão, aos montes, tomar o café da manhã. Os balcões estão sempre lotados de gente apressada no desvio obrigatório dos caminhos do trabalho.

Nesse mister há sentida competição, havendo estabelecimentos que se especializaram no famoso “Café Colonial”, destacando-se a “Padaria Pão de Sal”.

O “pão de queijo” é uma especialidade que, além de estar presente em quase todas as padarias mereceu uma especialmente para a sua produção. É bastante concorrida e as pessoas saboreiam o pãozinho saído do forno, nas mesinhas espalhadas pela calçada.

Um outro costume bastante agradável, nesse comércio da panificação é a oferta dos mais variados sabores da deliciosa “tapioquinha”, coisa que acaba se transformado em vício.

Bem pertinho do meu “banco de praça”, o petisco está à disposição na “Padaria Mineira.”

Mas, saindo das padarias, foi possível perceber a melhoria no asfaltamento das ruas principais e algumas periféricas. Penso que daqui a mais um tempinho a buraqueira que incomoda a vida dos transeuntes estará fazendo parte das reclamações do passado.

Outro ponto a ser considerado é a quantidade de estabelecimentos de ensino em atividade aqui em Sobradinho. Tanto os subordinados ao GDF quanto aos do ensino particular abrigam milhares de jovens que dão um brilho todo especial no alarido de entrada e saída das escolas... Estes serão lembrados, com carinho, nas conversas dos futuros homens e mulheres, pais e mães de família, desenvolvedores de todo o tipo de atividade. Imagino que a maioria fique por aqui mesmo, ampliando o leque de possibilidades e matriculando seus filhos nas mesmas escolas...

Outros prédios em fase de conclusão, ou mesmo já funcionando, são responsabilidade do GDF, incorporados ao serviço público, sobretudo no que diz respeito ao atendimento médico e à saúde daqueles que aqui fizeram moradia.

Nesse esvoaçar, não poderia deixar de visualizar outro lado muito importante que é o das pessoas que vivem aqui.

Como se fosse um presente pela escolha, acabei tendo a sorte de estabelecer contato com desconhecidos nos quais pude confiar e dos quais pude lograr a mesma confiança. A amizade veio como decorrência desse respeito mútuo.

Por indicação e orientação desses amigos, acabei instalando minha moradia em um prédio, pertinho desse mundão de coisas oferecidas no farto comércio local. Tudo pertinho incentivando as caminhadas.

De vez em quando, uma ou outra paradinha para saborear deliciosas mangas que se oferecem aos passantes, pela natural gentileza das frondosas mangueiras que ornamentam várias ruas da cidade.

Das janelas do apartamento posso vislumbrar uma bela vista, serra abaixo, abrangendo, além da várzea com seus variados tons de verde, a bela obra de Niemeyer, “A Flor do Cerrado”

Retornando ao meu banquinho de praça olhei no relógio e voltei à realidade. Precisava dar uma chegadinha na “Feira Modelo” para comprar queijo fresco e ter uma prosinha com o garoto que conserta meu computador, o Filipe, da barraquinha cor-de-rosa.

Depois, rumei para a “Academia Popular” contígua e fui dar um trato à carcaça. Na volta, fui ver meus amigos da “Mércio Brasil Imóveis”. Bem em frente ao escritório, aquele Açaí da Hora convidando para acariciar o paladar.

Sobradinho é, mesmo, o maior barato!

Amelius - 30/07/2014

Amelius
Enviado por Amelius em 21/12/2023
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