Medos, Polêmicas e Julia Roberts.

Com esse texto, sigo a recomendação que o personagem Benigno fala para Marco em "Fale com Ela", que é justamente: falar com ela, mesmo que a pessoa para quem me dirijo não esteja nem escutando.

**Medos**

Eu sempre fui uma pessoa medrosa por natureza. Tinha medo de cachorro e de palhaço quando criança, por exemplo. Minha mãe gosta de lembrar o dia em que impedi as compras dela no extinto supermercado Barateiro por causa de uma galinha da Maggi gigante. Mesmo sendo uma fantasia, convenhamos, era uma visão amedrontadora pra mim na época.

Hoje em dia, também sou muito medroso. Não assisto filmes de terror. Nunca tinha assistido um filme de terror até um dias atrás, quando resolvi assistir Psicose pela primeira vez, que, na verdade, não é bem um terror, mas mais um suspense, e o Bebê de Rosemary. Este último ficou na minha cabeça por uns bons dias, apesar de ser um terror mais psicológico.

A ideia de uma mulher dar à luz a um bebê maligno é aterrorizante. No entanto, artisticamente, acho que o filme seria melhor se fosse apenas fruto da imaginação da personagem de Mia Farrow (desculpe pelo spoiler).

Confesso que só tomei coragem de assistir esses filmes ao ver a classificação indicativa de 14 anos. Se alguém dessa idade pode ver, eu também posso. Por não ver a filmes de terror, sei que deixo de assistir clássicos como "O Exorcista" e "O Iluminado" e de explorar a filmografia de grandes cineastas como Mario Bava e Dario Argento. Recentemente, notei que o clássico "Suspiria", deste último, também tem classificação indicativa de apenas 14 anos; talvez eu o assista no futuro.

Também evito filmes com cenas muito impactantes, contendo sangue ou coisas do tipo. É claro que já vi muitas cenas fortes nesses anos que acompanho cinema, mas sabe lá como… eu costumo colocar a mão no rosto ou não fitar diretamente a tela.

Esses dias eu vi uma lista de filmes mais polêmicos, e para minha surpresa vi que “Lolita” estava entre eles, baseado no grande clássico de Nabokov. Sei que há pelo menos duas versões de filmes baseados nesse livro, mas eu só assisti o de Kubrick e, sinceramente, de polêmico ele não tem nada. É um filme até casto e divertido. É claro que a obra original do Nabokov é polêmica, de um senhor mais velho interessado por uma adolescente, mas, no filme, é óbvio que Lolita é interpretada por uma maior de idade, portanto, nada tem de polêmico. E no filme de Kubrick não tem muitas cenas sensuais e nem nada disso, e também ele conta com a interpretação magistral de Peter Sellers, um dos meus atores cômicos prediletos.

Sexo no cinema não é uma coisa que costuma me incomodar, desde que seja relevante para a história, como em "9 Canções", filme muito bonito e até poético, e "Azul é a Cor Mais Quente", em ambos o sexo é parte integrante da própria história.

É claro que há filmes ruins que usam esse recurso só para polemizar, como "Love" e "Ninfomaníaca", mas principalmente neste último, o fato de o sexo ser explícito é importantíssimo para a história. Em "Shame", também esse recurso era imprescindível para narrativa da trama.

Por fim, assisti ao último filme da Julia Roberts na Netflix e o que mais me chamou a atenção foi como ela está velha. Uma prova de que a idade chega para todos e a beleza não é um bem durável. Sobre o filme, achei fraco, apesar de gostar de histórias sobre universos distópicos. Mas em “O Mundo Depois de Nós", isso é abordado de maneira rasa e superficial. O mérito do filme é narrar uma catástrofe com um orçamento aparentemente baixo, e sem muitos figurantes e atores. Com certeza, Barack Obama e a Michele, que foram produtores do filme, ficaram bem satisfeito com o lucro do filme.

Também não gostei da insinuação da personagem de Mayha-la Herold ao de Ethan Hawke, sugerindo que ele estava só interessado em transar com ela, embora tenha sido ela quem se insinuou oferecendo a ele até a maconha elétrica lá. Não achei justo. Apesar de ser apenas um filme, dá a entender que todo homem mais velho que é legal com uma jovem garota está necessariamente interessado sexualmente nela.

Não gostei do filme, e a interpretação de Julia Roberts também não foi das mais felizes. A cena em que ela espanta cervos gritando e fazendo caretas é uma das coisas mais constrangedoras que já vi.

Enfim, espero ter dado uma visão geral dos meus medos, gostos e até preferências estéticas. Até logo.

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 15/12/2023
Reeditado em 15/12/2023
Código do texto: T7954803
Classificação de conteúdo: seguro