"QUEM FALA?" (BVIW)

O telefone já foi artigo raro, e de luxo. Lembro-me dos famosos aparelhos pretos com sistema de discagem manual. Falar com alguém incluía ligar primeiro para a Telefônica, companhia que prestava serviços na área, e recorrer às telefonistas. Tudo passava por elas — diz a lenda que as moças bisbilhotavam as conversas, será? O certo é que era preciso haver grande boa vontade do lado de lá e muita paciência do lado de cá para se conseguir uma ligação.

Depois, veio a moderna discagem direta. Foi um sucesso. Lembro-me que a antiga Telemig abriu plano de expansão. Fiz minha inscrição para concorrer a uma linha, a ser paga em longos 24 meses. Era caro, muito caro ser titular de um número. Depois de uma eternidade, meu telefone foi instalado, e quando ouvi a voz de Valéria, a amiga que estreou minha feliz experiência como usuária da Telemig, quase não acreditei. Poder dizer “Quem fala?” foi um divisor de "status" em minha vida. Só rindo.

Com a evolução da telefonia celular, fica até difícil acreditar que tudo isso existiu. Um professor do ginásio nos disse, certa vez, que um dia os telefones não teriam fio — e pasmem — falaríamos lá no Japão por voz e por imagem! Quanta ousadia de pensamento! A turma riu muito, e só o respeito por ele nos impediu de dizer: "Fessô Leonardo, o senhor tá ficando maluco?" Depois da incrível escalada dos smartphones, um rio de outras novidades ainda nos aguarda. Hoje sabemos que maluco é quem acha que esse rio um dia terá fim. Não terá.

Tema da Semana: O telefone (crônica)