DEZ ENCANTOS (BVIW)

Se me inquirissem: “Quais são seus dez encantos?” Eu diria que tenho muito mais de dez. Mas para começo de conversa, certamente citaria a vida, a família, o trabalho, a arte, a fé, a natureza a amizade, o amor, a paz e a esperança. A vida é uma dádiva. O trabalho não nos deixa enlouquecer. A arte torna tudo mais leve. A fé nos sustenta. A natureza é morada generosa que nos acolhe. A amizade é a chance de escolhermos quem nos acompanha. O amor colore os dias. A paz é a busca da convivência em irmandade. A esperança é a chama que acena quando tudo parece ruir. Os dez encantos basilares nos dizem que nossa passagem por essa Terra tem um propósito, nada é em vão.

Mas e sobre os desencantos? Direi então que é tudo que desmancha os dez encantos. E o desencanto maior vem com a certeza de que o homem, muitas vezes, não sabe o que fazer com os encantos que recebe gratuitamente todos os dias. Dia destes, vendo os desmandos pelos quais se envereda a humanidade, tive a audácia de ter pena de Deus — ou de quem quer que represente a concepção do poder supremo da criação. Imagino o desencanto de quem sonhou um mundo perfeito e viu tudo virar pelo avesso. Quem idealizou o Jardim do Éden — ou a alegoria que o representa — e viu tudo descarrilar ladeira abaixo. Nem os mil volumes de "Universo em Desencanto" seriam capazes de descrever tal desencanto. E aí retorno ao último dos meus dez encantos: a esperança. Ah, não fosse ela!

Tema da Semana: Desencanto (crônica)