Voando em céus amigáveis

 

 

Estou de pijama lavando roupa, a máquina faz tudo, depois eu só penduro. Tem sido assim faz um tempo. Veranico de inverno deixou pegadas muito leves esse ano aqui na região. Hoje tomei um sorvete de copinho lá pelo meio da tarde. A menina do caixa teve que puxar uma cobertura plástica da embalagem porque eu simplesmente não consegui. Isso é novidade. 

 

Pouco depois falei bem assim para um velho brother: Veja, não é um filme de surf. É a história de um ser humano, realmente boa e inspiradora. Hoje ele tem 75 anos. Trata-se de um documentário lançado em 2022. Sim, tem surf porque afinal o Gerry Lopez não era apenas muito bom, mas tinha uma classe absurda ao surfar e praticamente reinventou o esporte em 1970. Mas há muito mais e acho que se você se permitir apreciar o desenrolar da história, não irá se arrepender.

 

Palavra que, política, imprensa e ciência são três tópicos que realmente não encontram eco na construção da minha realidade. 

 

Amei conhecer a história da Jessica Watson. Imagine, com 16 anos, em período que vai do fim  2009 a meados de 2010,  ela circunavegou o globo sozinha, 220 dias num veleirinho meia boca sem parar em nenhum porto, pegou 7 tempestades daquelas e 7 de dias de calmaria, matou a cobra e mostrou o pau, sem contar que el gobierno australiano queria impedi-la de efetuar a empreita. 

 

Dia ou outro me pergunto: governo para que? 

 

Outra jornada que chegou no meu radar foi o arrojo da Cheryl Strayed. Em 1995, ela tinha vinte e poucos anos, por conta de um abalo emocional a vida deu uma cambalhota estratosférica e, de repente, subiu a conclusão de que a única saída para se alinhar com o universo era  peitar a Pacific Crest Trail, 4.260 km com uma mochila enorme nas costas, durante 94 dias. Isso foi muito bem retratado pelas mãos habilidosas de um cineasta chamado Jean-Marc Vallée,  apenas outro dia  soube que ele fez a passagem em 2021. “Wild” é o penúltimo filme dele. O último não vale um tostão. Mas Vallée assina a direção de todos os episódios das séries “Big Little Lies” e “Sharp Objects”, trabalhos de alto nível. 

 

Cheryl, bem como  Jessica e  Gerry chegaram do outro lado do túnel, a salvo. 

 

A primeira, finda a peregrinação, contrai novo matrimônio, constitui família, traz ao planeta Terra duas novas almas, escreve livros, dá palestras, etc. Jessica, desde os 5 anos de idade falava aos 4 ventos que iria dar a volta ao mundo sozinha em um veleiro.  A família achava que era  uma fase… Gerry Lopez só começou a surfar com 18 anos, e, nessa idade, entrando no mar desajeitado, com uma prancha emprestada, de repente teve literalmente uma visão de um dia domar as ondas. 

 

O que os une pode ser descrito como belas expressões de vida. 

Que tempos incríveis vivemos. Somente agora poderia ler que o antigo software de hierarquia dirigido pelo ego está sendo substituído pelo novo software colaborativo Círculo de Luz – uma mentalidade que é coerente com a compaixão do coração. 

 

No inverno escurece mais cedo. Tem sido desse jeito desde o início. A máquina só não pendura a roupa no varal. Em momentos assim, se eu soubesse de cabeça, cantarolava: 

 

“Tu trazes em ti mesmo um amigo sublime que não conheces. Pois Deus reside no interior de todo homem, mas poucos sabem encontrá-lo. O homem que faz sacrifício de seus desejos e de suas obras, ao Ser de onde procedem os princípios de todas as coisas e por quem o Universo foi formado, obtém a perfeição. Pois aquele que encontra em si mesmo sua felicidade, sua alegria e em si mesmo também sua luz, é alguém com Deus.” (Bhagavad Gita).

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 28/07/2023
Reeditado em 29/07/2023
Código do texto: T7848522
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