Dizer 

 

 

 

O que escrevo, é resumo do que eu vivo? - Um terço pode ser realidade, o resto é uma espécie de loucura, pesadelo ou não sei o quê, sim, a minha alma é muito afinada, viva, é a minha fantasia. Quando a lua está fininha... perplexa eu a admiro, e na sua curva eu me deito, sonho, enlouqueço, quando me falam que ela é nova, só nós duas sabemos o quão antiga é a loucura que aqui, habita, mas principalmente quando ela fica muito cheia, quantas vezes fecho a luz artificial, só para receber a sua claridade espalhada pelo quintal, e seu encanto,  noite a dentro!

 

Ali, sou menos realidade e mais imaginação. Amanheço, me perco em bobagens minhas, adoro ver as florezinhas  abertas por entre a folhagem, me perco no vento quando passa forte e sopra o meu rosto, fecho os meus olhos e sonho que com ele voo, visito quem eu amo, mato a saudade, quando retorno bate uma tristeza, então digo; Não, não quero você, viajo nas paisagens, e da vida, colho a beleza das  coisas simples e natural.

 

Às vezes sequer procuro inspiração, flui, flui... vou por aí sem nada desejar, distraída, andando sem rumo, e de repente ouço o canto da doce cambacica, ali mesmo paro, e por entre os galhos de plantas do caminho, tento encontrar de onde vem o seu barulho, elas são lindas demais, amo o seu canto curtinho e instigante... enquanto não as consigo achar, ouço um bem-te-vi, outro beija-flor, ali, daí já não sinto o chão, voo muito alto, até acolá, e a minha alma se enche de suave alegria, os meus pensamentos descambam, para lugares que nem sei... nem nunca os saberei.

 

Quando me dou conta, já esqueci para onde eu ia, já estou sentada observando o movimento das coisas que traz  simplesmente felicidade, é um Ipê esplêndido no meio da avenida, enfeitando a vida, e penso tantas coisas maravilhosas, viver é mágico, é mesmo uma fantasia, a cada dia. Então caio na realidade, levo comigo, as horas e de imaginação numa poesia melancólica, mas sempre florida.

 

Não escrevo sem razão, na vida, eu sou o que a minha alma quer dizer... agora e sempre, ela repete o que não digo, mas grito; que sou movida pelo amor por tudo o que me faz melhor como ser humano, mesmo que seja para,  a mim mesma, satisfazer. Se o amor existe, ele existe sem mim, e sem você, nada há para arrumar. O que faço, nem sempre quero fazer, mas sei que até em uma janela aberta de frente para a rua, encontro alguma coisa que me causa encanto, nessa vida de ninguém, nem sou minha nem sou sua.

 

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 21/07/2023
Código do texto: T7842491
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