Era uma tarde chuvosa de outono quando Marina sentou-se na poltrona de couro, colocando suas pernas cruzadas, pronta para mais uma sessão de terapia com o Dr. Freud. Ele, um renomado psicanalista, conhecido por desvendar os intricados labirintos da mente humana.

 

Marina, uma mulher na faixa dos trinta anos, esbanjava beleza e confiança em sua postura, mas escondia um turbilhão de dúvidas e inseguranças em seu ser.

 

"Dr. Freud, estou confusa. Meu marido sempre me advertiu sobre um tipo específico de mulher: aquelas que buscam a admiração de todos, que flertam abertamente e são superficiais em suas relações. Mas recentemente, tenho sentido um incômodo, como se ele estivesse se distanciando de mim. Será que ele pode me trair com uma mulher como essa?"

 

O médico austro-húngaro ajustou seus óculos e, com uma expressão serena, começou sua análise.

 

"Marina, as complexidades dos relacionamentos têm raízes profundas na nossa psique. Quando alguém nos adverte sobre alguma característica específica que rejeitamos, muitas vezes podemos estar projetando nossos próprios medos e desejos. Seu marido pode estar repetindo o padrão que tanto o incomoda como uma forma inconsciente de lidar com seus próprios conflitos internos."

 

Marina contemplou as palavras do Dr. Freud, deixando-o continuar sua explanação.

 

"Nosso inconsciente é um terreno complicado. Às vezes, somos atraídos pelo que nos é proibido. O proibido desperta um sentimento de tabu, de algo inatingível e excitante. Seu marido, ao trair com o tipo de mulher que ele não quer que você seja, pode estar buscando viver uma experiência que o fascina, mas que teme admitir conscientemente."

 

A mente de Marina parecia mergulhar nas profundezas da análise do doutor, enquanto ela refletia sobre o que foi dito.

 

"Mas, Doutor Freud, por que ele não fala abertamente sobre seus medos e desejos? Por que se afastar em vez de buscar uma solução em nosso relacionamento?"

 

O psicanalista sorriu, revelando um vislumbre de compreensão.

 

"Marina, muitas vezes carregamos conosco uma série de fantasias e obrigações sociais que nos impedem de sermos verdadeiros com nós mesmos e com aqueles que amamos. A comunicação aberta exige coragem e vulnerabilidade, e nem todos estão prontos para enfrentar esses desafios internos. Ele pode estar se distanciando para evitar confrontar a si mesmo e a você."

 

Enquanto Marina absorvia cada palavra, a chuva lá fora parecia abrandar, como se a tempestade que existia dentro dela também estivesse buscando uma trégua.

 

"Dr. Freud, o que devo fazer então? Como posso lidar com tudo isso?"

 

O psicanalista levantou-se de sua cadeira e caminhou em direção à janela, observando a serenidade da chuva que se dissipava.

 

"Marina, o caminho para a resolução está em se conhecer profundamente, dar espaço para a autodescoberta, e procurar a verdade dentro de si mesma. Permita que sua jornada pessoal se sobreponha à necessidade de controlar o comportamento de seu marido. Assim, você encontrará a sabedoria para traçar seu próprio destino."

 

Marina olhou para Freud e, com uma mistura de gratidão e determinação, respondeu:

 

"Obrigada, Dr. Freud. Vou começar a trabalhar em mim mesma, para que possamos ambos encontrar nosso verdadeiro eu e, talvez, redescobrir o amor que nos uniu."

 

E assim, Marina e seu psicanalista encerraram aquela sessão, sabendo que a jornada rumo à compreensão e aceitação era longa, mas necessária para o crescimento individual e a busca pela felicidade.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 25/06/2023
Reeditado em 25/06/2023
Código do texto: T7821860
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