NÃO TIRE VANTAGEM EM CIMA DO QUE NÃO É SEU

Não sou 100 por cento honesto (e alguém é?), mas não procuro tirar vantagem em cima do que não me pertence.

Estou falando daquelas ocasiões em que, por um erro na conta do bar ou do supermercado, poderíamos pagar menos do que compramos.

Já passei por isso em duas ocasiões. Certa feita, fui ao Big de Blumenau (onde trabalhei como caixa por um mês e pouco) para comprar uma mala para viajar ao RS depois de alguns anos de ausência. Peguei mais alguns itens e na hora de passar as mercadorias, a caixa não registrou o valor da mala de viagem, que por sinal era superior ao resto das compras. Eu poderia ter tirado vantagem? Claro que sim. Levaria a mala de graça e sairia rindo da lesada do caixa.

Só que não. O que não é meu por merecimento, não desejo em cima da distração de alguém. A moça do caixa não registrou por descuido, coisa que pode acontecer com qualquer um. Chamei a atenção pelo valor a menos, paguei o que tinha comprado e saí com a consciência limpa. Lembro que a senhora na fila atrás de mim elogiou minha conduta, informando que o cliente antes de mim saiu sem pagar duas cervejas devido ao mesmo erro da caixa. Hay gente que faz isso sempre, seja o colega da repartição ou o político que deveria nos representar. Tirar vantagem em cima dos erros dos outros é coisa que nós seres humanos fazemos todo dia, sejamos brasileiros, gregos ou goianos.

A segunda vez que eu poderia tirar vantagem aconteceu recentemente. Sentei em uma mesa do Bendita Hora do Largo Ivo Cordoni, tomei duas Brahmas e comi uma porção mínima de batata frita. Na hora de acertar as contas, havia apenas uma Brahma anotada. Tirei vantagem? Não. Paguei as duas cervejas e a batata frita e voltei pra casa.

Simples assim. Se mais gente fizesse isso, não teríamos tanta gente tirando vantagem sobre o que não é seu por direito.

Há o famoso jeitinho brasileiro, de não pagar o que não nos é cobrado, ou molhar a mão, puxar alguns sacos, para que as coisas aconteçam ou funcionem. Aconteceu com a boate Kiss, acontece com a cancha de bochas ao lado da casa do meu pai e vai continuar acontecendo enquanto houver um jeitinho a ser dado e uma gambiarra a ser feita.

Mas enquanto cidadão, procuro não levar vantagem em cima do que não é meu por direito e do que do que não posso fazer se não respeitar as regras.

A honestidade é um item raro, mas necessário. Não tire vantagem sobre o erro de alguém, não faça vista grossa em cima do que está errado. Deus está vendo tudo. Mas ao escrever isso, alguém poderá dizer outra vez que eu me acho o “tau”, o que é uma inverdade.

A propósito: recomendo o Bendita Hora*. Ainda não provei os outros itens do cardápio, mas a porção de batata frita vem sequinha, crocante e com ótimo molho, a ceva tá bem gelada e o garçom está sempre por perto pra reabastecer o isopor.

*Bendita Hora é um barzinho simpático na praça de minha cidade, onde muitas vezes tem música ao vivo, lanches gostosos e cerveja e choppe bem gelados.