PÁSCOA, MUITO ALÉM DO BACALHAU

PÁSCOA, MUITO ALÉM DO BACALHAU

Fosse pelos ovos de chocolate, ou pelo bacalhau, essa páscoa, segundo instiga o comércio, estaria infinitamente distante da sua realidade. Ovos podem até significar a vida, todavia, sendo de chocolate está também fora do alcance da maioria, os preços estão elevadíssimos; se o bacalhau segue a tradição de não comer carne nesse dia, além de proibitivo pelos preços nas nuvens, o problema é outro. Não é a carne que separa a possibilidade desta celebração, mas a carnalidade. O Cristo da páscoa, se compraz no arrependimento do pecador que tem a capacidade de entender que o lugar da cruz não era de Cristo – ele nos substituiu, pagou o resgate pelos nossos pecados. Portanto, por um pouco nos entristecemos, ele morreu na cruz, da forma mais humilhante, para que por três dias depois, aqueles que nele ceram pudessem celebrar a vida, pois que ressuscitou dentre os mortos. Este é o centro desta celebração, a gratidão a Deus por tão grande graça, concedida gratuitamente a todo aquele que crê. Logo, a páscoa está muito além de ovo de chocolate ou de comer bacalhau, e mais ainda, quando não une as pessoas nesses dias, de uma sociedade que anda indiferente quanto ao propósito da páscoa – que dizer de bacalhau a quatrocentos e cinquenta reais o quilo, ovo de chocolate de cem gramas a sessenta e cinco e noventa e nove reais? Isso não humilha?

Fosse esse o caso desta celebração, nada confortável para um cristão. Pela insinuação do contexto, julgando a impossibilidade de comprar aquele bacalhau de quatro dedos de espessura, acabei comprando recortes de bacalhau, por um preço mais razoável. Ao chegar em casa, é que fui perceber a etiqueta, onde estava escrito: “peixe do tipo bacalhau”, ou seja, merluza. Aliás, eram apenas algumas tirinhas que seriam misturadas com repolho, o que ao final seria aquela torta da páscoa. Fosse dessa forma, não haveria sentido em comemorar a páscoa, mas sim, num primeiro momento refletir sobre a morte de Cristo, e o que isso significa para o cristão, no momento em que isso tenha sido feito por cada um de nós, por puro e santo amor de Deus em Cristo Jesus. Não tivesse havido tal manifestação do amor de Deus que vivendo a nossa morte, nos dando prova de que Ele é o Senhor da vida. Diz o apóstolo Paulo que se não fosse a ressurreição, em vão seria a nossa pregação. A páscoa, vai muito além do bacalhau. A páscoa é a celebração da vida em Cristo, numa extensão de eternidade, é uma preparação para o dia do encontro de Cristo com a sua Igreja, quando haverá uma celebração numa dimensão celestial. Nisso, ao prestar um culto a Deus, o cristão se põe ante o trono da graça, prestando-lhe, gloria, louvor e honra por tão grande salvação e certeza de vida eterna. Na páscoa o cristão tem duas emoções significantes, num primeiro momento, muito triste em face ao entendimento o nosso não merecimento, toda a culpa do nosso pecado. Não fosse Cristo, não teríamos como resgatar a nossa dívida; no segundo momento, é de grande euforia: a graça de Deus foi alcançada pelo sacrifício de Cristo na Cruz. Deus sempre cuidando do seu povo na história, e o povo de Deus sempre procurando responder a esse grande amor por nós. Não por uma celebração efêmera, mas uma celebração de anjos, esquecidos das nossas diferenças, vivendo o verdadeiro amor, proclamando a mensagem que salva e que dá vida eterna. Que sejamos despertados em levar esta mensagem aos que nós amamos em Cristo Jesus, celebrando a verdadeira páscoa. Graça e paz!